Uma multidão de adultos infantilizados vai invadir a região
de Interlagos, em São Paulo, neste final de semana. São crianças crescidas que continuam
gostando de brincar de autorama. Nos casos mais grotescos, vem de regiões
distantes, de outros estados, até de outros países. Falta algo na cabeça de
alguém que paga uma fortuna por um ingresso para ficar horas ao sol (desta vez
deve ter chuva) vendo o vulto de carrinhos correndo, um querendo ser mais
rápido que o outro; com pilotos vestidos como astronautas, deusinhos de um
mundo inacessível, de sonho e glamour, repleto de mulheres gostosas e
oferecidas. Um mundo do qual o expectador não passa de um excluído de classe
inferior, um reles humano, babando de inveja de seus “heróis” (intimamente
sempre torcendo para ver um acidente sangrento e com morte).
Pessoas com baixa auto-estima e tendência ao puxassaquismo
são capazes de ficar de quatro para lamber o chão por onde passam seus ídolos
automotivos. As mulheres que se exibem seminuas ao lado dos carros seriam
capazes de transar com os seus parafusos, fingindo orgasmos magníficos. Quanta
gente não tenta se aproximar desse circo. Somas incalculáveis de recursos que
poderiam ser úteis para a sociedade são torradas nesta idiotice. O Coliseu e
seus Gladiadores só mudaram de roupa. A máxima romana continua valendo: Pão e
Circo para os idiotas.