A tragédia de Santa Maria, com a morte desnecessária de tantos jovens e de tantos sonhos, nos enchem de perplexidade e tristeza. Transcrevo abaixo o discurso do governador Keating, de Oklahoma, durante um funeral, após o atentado terrorista que matou mais de 200 pessoas. Sua fala, adequada neste triste momento, mostra como não existe medicação com o poder de uma palavra reparadora, seja a palavra carinhosa de uma mãe, o encorajamento de um pai, a sensatez de um líder religioso, o comentário apoiador de um terapeuta.
“Hoje sofremos juntos perante o mundo e perante o nosso Deus, nossos corações e nossas mãos unidos em uma solidariedade que estes criminosos nunca poderão entender. Permanecemos juntos no amor.
Por meio de tudo isto, através das lágrimas, da raiva justa, da tristeza que despedaça nossas almas, da preda incomensurável, algumas vezes nos sentimos sós. Mas nunca estamos verdadeiramente sozinhos. Temos Deus e temos uns aos outros.
Hoje temos nossos heróis e nossas heroínas, santos em cinza e azul, e brancos e cáquis-os que resgataram e os que curaram. Eles trabalharam longa e nobremente e choraram conosco.
E hoje temos nosso Deus. Ele não é um Deus da vossa religião ou da minha, mas de todas as pessoas em todos os tempos.Ele é um Deus de amor, mas também de justiça. Hoje, Ele nos assegura mais uma vez, de que o bem é mais forte que o mal, que o amor é maior do que o ódio. Os milhares de nós juntos aqui hoje, somos multiplicados pelo amor de Deus, ungidos por sua suave clemência. Hoje estamos com Ele e uns com os outros.
É certo que choremos. Fomos todos tocados por essa imensa tragédia. E nossa tristeza é parte do processo de cura. Para alguns de nós, abatidos por intensa perda pessoal, será um longo e torturante caminho. Para todos nós é uma jornada através da escuridão. Mas a escuridão acaba na luz da manhã. Esta é a promessa de Deus e é nossa esperança.
Existe uma linda parábola de um homem que olhou para trás em sua vida e viu-a como uma série interminável de pegadas na areia. Às vezes, havia dois pares de pegadas lado a lado. E ele recordava aqueles tempos como tempos felizes. Outras vezes havia apenas um par de pegadas-tempos de tristeza e de dor. Ele confrontou Deus e perguntou-Lhe porque Ele tinha parado de andar ao seu lado quando ele mais precisava de Seu apoio. Porque, ele se perguntava, Deus o abandonara? E Deus respondeu: “Mas, meu filho, aqueles foram os tempos que eu o estava carregando”.
Ele nos carrega hoje, gentilmente aconchegados em seus braços carinhosos”
(Extraído do New York Times; 26/04/1995)
"O
Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor " (Jó; 1,21)