Os antigos classificavam os médicos como os que curavam com “a faca”, as ervas ou as palavras. Cirurgiões, clínicos e psiquiatras. Perguntam-me como pode, através da psicoterapia, a palavra curar. Vou ilustrar com exemplos.
Kisagohtami não se conformava com a morte de seu bebê. Como louca, perambulava pelos vilarejos carregando o cadáver de seu filho, acalentando-o como se estivesse vivo, procurando a “cura” para seu filho “doente”. Quando alguém dizia que ele estava morto, causava sua fúria, e ela ficava violenta. Assim, todos se afastavam dela e ninguém sabia o que fazer para ajudar a pobre delirante. Ela foi então levada a um iluminado, Buda. Este a recebeu, e com delicadeza, sem confrontá-la com o absurdo de seu pedido, disse calmamente que sabia como ajudá-la. Disse que para curar seu filho, precisaria de sementes de papoula. Pediu a ela que fosse até a cidade buscá-las, mas advertiu que as sementes deveriam vir apenas de casas de famílias que nunca tivessem sido tocadas pela morte. Kisagohtami foi à cidade, encontrou muitas casas, todas com papoulas, mas nenhuma nas condições pedidas por Buda. A morte atingia todas as casas. Retornou a ele e, diante de sua calma presença percebeu o significado secreto de suas palavras. Não é possível fugir da morte. Como despertando de um pesadelo, sua mente se recuperou, e ela pode então prantear a morte de seu filho e sepultá-lo.
Apenas com o poder da palavra, sem confrontação, sem imposição, ele conduziu gentilmente seu pensamento para fora do delírio, possibilitando a descoberta e aceitação do inevitável, não eliminando seu sofrimento, mas lidando com ele de maneira mais adequada. Recebeu a angústia da mulher, aceitou-a com empatia, e com uma abordagem não crítica nem onipotente, expandiu sua percepção da realidade. Para isso, não fez uso de remédios, orações ou danças. Sem precisar fazer uso de nada sobrenatural, levou a luz para onde havia trevas. Clareou o que estava no escuro. Esclareceu.
Kisagohtami não se conformava com a morte de seu bebê. Como louca, perambulava pelos vilarejos carregando o cadáver de seu filho, acalentando-o como se estivesse vivo, procurando a “cura” para seu filho “doente”. Quando alguém dizia que ele estava morto, causava sua fúria, e ela ficava violenta. Assim, todos se afastavam dela e ninguém sabia o que fazer para ajudar a pobre delirante. Ela foi então levada a um iluminado, Buda. Este a recebeu, e com delicadeza, sem confrontá-la com o absurdo de seu pedido, disse calmamente que sabia como ajudá-la. Disse que para curar seu filho, precisaria de sementes de papoula. Pediu a ela que fosse até a cidade buscá-las, mas advertiu que as sementes deveriam vir apenas de casas de famílias que nunca tivessem sido tocadas pela morte. Kisagohtami foi à cidade, encontrou muitas casas, todas com papoulas, mas nenhuma nas condições pedidas por Buda. A morte atingia todas as casas. Retornou a ele e, diante de sua calma presença percebeu o significado secreto de suas palavras. Não é possível fugir da morte. Como despertando de um pesadelo, sua mente se recuperou, e ela pode então prantear a morte de seu filho e sepultá-lo.
Apenas com o poder da palavra, sem confrontação, sem imposição, ele conduziu gentilmente seu pensamento para fora do delírio, possibilitando a descoberta e aceitação do inevitável, não eliminando seu sofrimento, mas lidando com ele de maneira mais adequada. Recebeu a angústia da mulher, aceitou-a com empatia, e com uma abordagem não crítica nem onipotente, expandiu sua percepção da realidade. Para isso, não fez uso de remédios, orações ou danças. Sem precisar fazer uso de nada sobrenatural, levou a luz para onde havia trevas. Clareou o que estava no escuro. Esclareceu.