quarta-feira, 7 de abril de 2010

Medicamentos "Naturais"

Os medicamentos “naturais”, ou fitoterápicos, compostos por, ou extraídos de plantas, apresentam composição imprecisa e cujos princípios ativos ainda não foram isolados e devidamente estudados. Em nosso meio recorrem a um apelo mercadológico tupiniquim que busca uma pretensa, porém enganosa aproximação com a natureza, em oposição à alopatia e à química desenvolvidas, representantes do mundo industrializado. Seu emprego pode ser interpretado como uma prática remanescente da época pré-científica da medicina e da farmacologia. A continuidade e persistência dessa prática decorrem da formação insuficiente e inadequada de alguns profissionais da área de saúde, assim como de desinformação e aculturamento deficiente de uma grande parcela da população consumidora desses produtos. Some-se ao desconhecimento e desinformação, fatores ligados à má fé, a propaganda enganosa, e o aproveitamento de uma população pobre e inculta. Dizer que os fitoterápicos, “se não curam, pelo menos não fazem mal”, é falso e perigoso. Crendices como medicinas “alternativas” ou “complementares” colocam vidas em risco. Quando um tratamento “alternativo” é estudado a ponto de comprovar sua eficácia, ele deixa de ser “alternativo” e passa a ser reconhecido pela medicina. A imensa maioria dos medicamentos atualmente em uso, foi desenvolvida a partir de plantas. A penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1939, foi fruto da observação do comportamento de bactérias e fungos. Seu estudo permitiu a identificação e isolamento do princípio ativo produzido pelo fungo Penicillium notatum, o que garantiu sua produção em larga escala, por processos industriais, que garantem a qualidade e confiabilidade no produto final.

Exemplos de fitoterápicos de uso em larga escala: extrato seco de alcachofra, Gingko biloba, ginseng (Panax ginseng), erva de são João (Hypericum perfuratum), Passiflora incarnata, Capivarol (com gordura de capivara), biotônico Fontoura, e outros compostos macabros.

Fonte: Revista Debates (Psiquiatria hoje) da Associação Brasileira de Psiquiatria, nº6, Nov/Dez 2009

9 comentários:

  1. Ah, poxa vida! Quando criança, eu tomei Biotonico com ovo de pata e, nenhum mal fez. Hmmm... será que fiquei "assim" por conta daquelas colheradas ruins? Bah!

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  2. Magali Manzano Ferreira07 abril, 2010

    Gente é espantoso os anúncios que são esparramados e aleatóriamentes divulgados pela Tv é um absurdo e o pior endossado mesmo sem capacidade para tal, os apresentadores só querem saber de faturar. Isso sim é uma tragédia. Bjs Dr Mauricio vc está likndo em suas fotos. O cenário sensacional, o infinito... muito lindo. Amo vc Magali

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  3. Epa!!!!Muito cuidado nessa hora....meu pai sofre de Labirintite tomou vários remédios industrializados e não obteve melhora nenhuma! Só melhorou das crises com Ginkgo Biloba.....vai entender.........

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  4. Tenho curiosidade em testar remédio naturais para emagrecer.....já que os industrializados que realmente fazem efeito estão sendo bombardeados por todos!!!!!

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  5. NELSON NISENBAUM07 abril, 2010

    Caro Maurício, não é bem assim... No caso do Hypericum, as substâncias hipericina e pseudohipericina tiveram suas técnicas de extração padronizadas, e sua potência foi estudada e comparável à da imipramina. Na realidade, o grande problema dos "fitos" são as interações medicamentosas, de risco muito mais alto do que as industrializadas. O que não se deve, de jeito nenhum, é tomar qualquer coisa sem orientação médica. No mais, há produtos bastante eficazes no mercado, mas vale o princípio: Não é por que é "natural" que é bom. Bom é o que é testado e aprovado pelos meios científicos e éticos.

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  6. Tomo ginko biloba, isoflavona (não sei se é considerado fitoterapico) e passiflora. Gosto de tudo que é natural, me sinto bem. Como dizia minha avó, antigamente, tudo se curava com chás, o alho era usado para diminuir a febre, arnica para curar feridas, ela fazia seus preparados com canfora e ervas para curar dores nas pernas, etc...ela era um tipo de curandeira no sitio onde morava, talvez por falta de recursos, as pessoas recorriam à ela que também era benzedeira e parteira...No inverno não abro mão do meu chá predileto (camomila+erva doce+canela em pau+cravo) Com relação aos remédios alopáticos, devemos atentar que existe um monopólio na indústria farmaceutica e que um dos seus objetivos principais é o lucro.

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  7. Maria Rosa09 abril, 2010

    Concordo em parte, temos que pensar nas pessoas que moram em Zonas rurais e locais muitos distantes e que muitas vezes o único recurso é a Medicina alternativa e a medicina das ervas.
    Agora claro que os aproveitadores usam os meios de comunicação para fazerem propaganda enganosas.
    Eu sou adepta dos Chás de Capim Cidrão, Erva doce, Camomila, Folhas de louro, Folhas de amora, Canela em pau, cravo da índia e outros...
    Este é um assunto muito polêmico e precisamos ler mais sobre ervas e remédios naturais.

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  8. Monica Grava12 abril, 2010

    Eu era compulsiva em remédios fitoterápicos, tomavade 10 a 20 comprimidos por dia... cada um para algum fim. Tive alguns resultados, porém não é normal uma pessoa tomar tantos medicamentos.
    Confesso que fiquei espantada com os riscos desses medicamentos, dificilmelnte eles acompanham uma bula ou uma contra-indicação.
    Hoje em dia, graças a terapia, parei com o uso dessas substâncias, a substituindo por um único e eficaz medicamento (alopático).
    Um beijo grande e um abraço!

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  9. O que a falta de informação nos faz ..

    Acreditando que remédios fitoterápicos por serem naturais são, portanto, inofensivos à nossa saúde, que não possuem contra-indicação, podendo assim, serem indicados por amigos, vizinhos, velhos conhecidos, por um psicológo - que embora seja da área da saúde não é médico - temos "garantias" que não nos fazem mal algum. E se prescrito por um Dr.? Indubitavelmente confiável!
    Mais ainda, se encontro com tanta facilidade e é permitida a comercialização é porque certamente não é prejudicial, além disso sua venda estaria proibida. Diante de tantos argumentos, por que não usá-los?

    E nesa ignorância ( falta de conhecimento) e crendo que "por ser natural se não faz bem não faz mal", tomei um floral, afinal que mal faria?

    Em meados da década de 90 passei por um acompanhamento psicológico e foi-me sugerido tomar um floral. Deveria pingar umas gotinhas na língua e isto "certamente iria me fazer bem, era confiável e muito bom".
    Acreditei, comprei, usei e tive uma sensação muito ruim ..

    Relatei no consultório que não me sentia bem, mesmo tomando o remédio. Segundo a psicológa poderia utilizar uma quantidade maior de gotinhas quando me sentisse angustiada. Porém, sentia uma ardência no local, uma sensção estranha de dor e queria pingar mais e mais. Mas não gostava do sabor .. e após algum tempo pinguei quase todo líquido do frasco na boca .. me senti mais angustiada, confusa, como se o céu estivesse fechando e não podia respirar .. fiquei mal Dr., parecia estar com depressão, desorientada, totalmente "aloprada"!

    Diante desta situação, a psicológa me explicou que a base utilizada no floral era conhaque (bebida que detesto por arder e fechar minha garganta) e que "eu não havia me dado bem com o floral" e era melhor parar.

    Senti um ar de indignação em sua fala e gesto; se quer olhou para os meus olhos e virando o rosto para o seu lado esquerdo, movendo os ombros com indiferença, deixava claro que eu era o problema: "você não se dá bem com o floral".

    Mas hoje com o seu alerta, Dr., vejo de outra forma: o remédio não era adequado para mim. Ao parar me senti muito melhor e não quis mais saber de florais, Até hoje tenho a péssima lembrança de como tudo aconteceu em minha mente e corpo.

    Como se não bastasse, há dois anos atrás tomei passiflorine. Minha cunhada "receitou". "É bom para você ficar menos ansiosa" .. tomei .. primeiro dia, realmente estava mais tranquila. No segundo, mal e no terceiro estava no consultório médico.

    Só tive consciência dos maleficios depois de seu e-mail.

    Bem esta foi minha experiência, ninguém me falou.

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