sábado, 24 de abril de 2010

A queda do homem

No princípio estava o homem feliz no centro da criação. Em harmonia com a natureza, colhendo frutos e mel. Sabia o homem o que era certo e se desviava do mal. Temia a Deus. E isso era bom. Mas derrotas humilhantes se anunciavam, prestes a ser impostas ao Ego humano.
De andar pelo mundo, chegou Galilleu, assecla de Copérnico. E tirou a terra do centro do universo, pondo ali o sol. Ensinou que nossas impressões do mundo sensível são subjetivas e enganosas. Acabou de vez com a ilusão da certeza. Descobriu o homem que não estava no centro, nem do sistema solar, menos ainda da Via Láctea. E isso foi mal. Homens piedosos lançaram às chamas homens hereges a fim de conter os protestos dos tementes a Deus.
Darwin, fracassando em ser clérigo ou médico, vingou-se da humanidade, demonstrando que o homem não é um ente superior, mas apenas um animal entre outros. Não fruto de uma criação especial, mas sim do acaso. Modernos cientistas hoje, baseados em estudos de DNA, proclamam que os chimpanzés são mais próximos a nós do que das bestas. A psicologia comportamental substituiu a noção de mente por um conjunto de reflexos condicionados, em nada diferentes dos que determinam a conduta de um cão ou uma lombriga.
Implacávelmente, o rebaixamento do homem continuou. Freud provou que não somos senhores sequer de nossos desejos, pensamentos e atitudes. Que nossa consciência individual não é soberana, mas apenas o resultado da luta de forças inconscientes.

O progresso do conhecimento se deu pela troca de ilusões grandiosas por verdades cada vez mais deprimentes. Uma a uma foram caindo as ilusões narcísicas da humanidade, "uma espécie animal que ousara se proclamar imagem e semelhança de Deus", nas palavras de Freud. Sob este aspecto, a história da ciência é uma história de humildade intelectual progressiva. Invertendo a incoercível tendência do ser humano para fazer de si próprio o umbigo do universo.

"Outra vez me voltei, e vi vaidade debaixo do sol."
Eclesisates 4:7

Um comentário:

  1. Dr. é muito interessante o quanto os religiosos negam a ciência, e o quanto a ciência nega a religião,, gosto muito de uma frase do Ainstein. A fé sem a ciencia é cega, e a ciência sem a fé é manca, o cientista por muitas vezes tenta colocar a fé em descredito e o homem religioso tenta não caminhar com a ciência, penso que trabalhar com a ciência é uma questão de fé, tenho tentado estudar a antropologia estrutalista do Levi-Strauss e vejo que acreditar na ciencia dele é uma questão de fé pois não temos como saber se algumas culturas antigas viveram daquela forma, é interessnte que os homens ciêntistas através de uma gravura na parede eles montam toda uma cultura de um povo, me diga isto é questão de fé ou não é,,rsrs,,o grande problema é que o homem sente que é o baloart da criação, e com isso se torna orgulhoso para dizeer que sua vida está baseada em fé, não importa no que, se é em uma entidade, um deus, ou um sistema,,mas o homem por si mesmo é extremamente religioso,,,abração,,,e bonito texto.

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