segunda-feira, 7 de junho de 2010

A imensa distância entre discurso e fato.

O mundo não é bom. É um lugar hostil, no qual temos de lutar incessantemente pela sobrevivência, que se faz às custas da morte de outros. É um lugar onde sobrevivem os mais fortes, astutos e inteligentes. Não há lugar para os fracos. Embora não seja bom, o mundo também não é mau. Simplesmente ele é indiferente. Indiferente ao sofrimento das criaturas. Não é nada amoroso. Por isso que se fala tanto em filosofias de piedade e amor ao próximo. É evidente que se esse amor existisse mesmo, não se precisaria fazer tanta demagogia ou alarde a respeito de sua existência ou valor.

“Tantos escravos foram embarcados na ilha de Moçambique que um tronco de mármore foi erguido na praia, diante do palácio. Era ali que o bispo se postava, diante dos escravos acorrentados, sacudindo as mãos para convertê-los ao Cristianismo. Assim, se morressem na viagem, antes de chegar à América, iriam para o Céu. Era uma prudente precaução, porque os navios partiam tão atulhados que trinta a quarenta por cento dos escravos morria. Seus corpos eram jogados ao mar. Mas todos, graças a Deus, teriam o privilégio de morrer como bons cristãos.”

Entre haspas, trecho extraído do romance "Os Rebeldes", de James A. Michener, do qual sou fã, autor dos melhores romances históricos que li, e que recomendo a todos.

6 comentários:

  1. O interessante é ver os valores deste mundo, e o etnocentrismo das pessoas que tanto lutou o antropologo Claud Levi-Strauss, que causa esta senssação de superioridade..valeu pelo texto Dr...fuiii

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  2. O problemas não esta com Deus e sim nos homens.

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  3. Já está anotado. Não conheço esse escritor, daí ser mais interessante ainda.
    No momento estou lendo William Golding, Os Herdeiros. A finalidade é a de entender um pouco mais sobre essa raiz que já nasce em nós, a Intolerância e Incompreensão e faz com que escravizemos ou subjugamos tudo que não entendemos e chamamos de 'sobrevivência'. Defendo a paz acima de tudo. Acho que uma solução negociada é o caminho, mas também sei que não somos civilizados 'o suficiente' para chegarmos a esse ponto. Não levanto a bandeira da palestina e nem dos judeus, pois é exemplo mais clássico que temos, simbolizando o que somos. Acredito que podemos melhorar. Acredito que o homem, se é tiremos tempo para tanto, deixe de ser esse selvagem. Agora chego naquele ponto da bifurcação entre acreditar ou não no homem. É a eterna questão de Ser ou Não Ser.

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  4. Quem realmente se importa? Temos condições reais de nos importar? Eu aprendi a ser indiferente aos 16 e, todos os anos, procuro me aperfeiçoar nesta arte da pós modernidade.

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  5. Maria Rosa09 junho, 2010

    Anotei o nome do livro e o autor, vou ler este livro para entender melhor o conteúdo.
    Na minha opinião vivemos numa sociedade hipócrita e o que mais me deixa indignada é o fato de todas as barbaridades que os homens fizeram e fazem contra o semelhante é em nome de Deus e de um Paraiso que não existe.
    A presença da Igreja neste fato específico me revolta.
    Vou ler o livro e aí terei como argumentar um pouco mais.
    Valeu!!!

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  6. Magali Manzano Ferreira18 junho, 2010

    Sei lá as vezes me vejo como uma inexperiente em lidar com o próximo. e ao mesmo tempo dizer que ouço leio e a certeza que vem de dentro de mim é a que prevalece.Minha expectativa em relção ao próximo é grande e muitas das vezes frustantes. Não tenho tanta cultura estudei até o 3 colegial, mas me sinto sei lá diferente , como se eu estivesse longe de tudo isso. Ser excentrica? sei lá é que gosto de ler e trocar emails, postar em seu blog, mas não devaneio com fantisias de agradar esse ou aquele. Se gosto gosto se não gosto não gosto. a postagem acima vem a calhar com o email tantos anos ouvi essa frase..... Amo de coração vc. Bjs Magali

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