sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pacientes que não tive 07: Émerson Fittipaldi

Hoje no rádio ouvi Felipe Massa dizer que os verdadeiros campeões usam o desodorante tal, não lembro exatamente qual, o que é uma pena pois devo ir às compras em breve. Eu nunca compartilhei do entusiasmo de alguns pela fórmula-1 ou corridas de carros em geral. Na infância eu gostava de brincar com carrinhos, autorama. Mas depois que cresci, carro virou coisa séria. Pilotos para mim parecem crianças grandes que não enjoaram do brinquedo.
Há 13 anos atrás, em setembro, Emerson Fittipaldi sofreu um acidente quando voava em seu ultraleve (outro brinquedo perigoso), com seu filho Lucca, então com 6 anos de idade, vindo a cair em uma região pantanosa próximo a Araraquara, sofrendo ferimentos leves. Incapaz de se locomover, foi localizado e resgatado na madrugada seguinte por 5 bombeiros e 5 policiais.
Dias depois, os meios de comunicação veicularam uma propaganda absurda, com depoimento verbal e emocionado do próprio Emerson, no qual ele contava como o filho fora corajoso, como ambos ficaram felizes e agradecidos ao verem chegar o resgate da Amil. Simultaneamente aparecia na tela um helicóptero da Amil, induzindo a falsa idéia de que ele havia participado heróicamente do resgate. Tudo bem que Émerson seja um garoto propaganda que anuncie kits de emagrecimento, charutos, baterias, roupas, etc. O que me é intolerável é a idéia de um anuncio enganoso para um plano de saúde, com o qual as pessoas normalmente não podem contar na hora do aperto, passando a falsa ilusão de segurança, aproveitando-se da fragilidade e medo alheios, simplesmente por ganância, de um homem já milionário. Um comportamento egoísta e imaturo. Procurado na época pela reportagem da revista Veja por uma semana, para ouvir sua versão do fato, sua acessoria alegou "não encontrá-lo".
Aqueles que o salvaram viraram chacota entre os amigos, por terem sido os únicos que não lucraram com o episódio. O sargento Ricardo Pena, por exemplo, disse ter atravessado um pântano com lodo “até o pescoço”, de madrugada para chegar até onde estava o bicampeão. A equipe ganhava, em média, um salário de 600 reais à época, arriscando a própria vida. O Cel. Renato Fernandes, comandante dos bombeiros de SP, responsável pelo resgate, declarou que ficaria satisfeito pelo menos com o reconhecimento do esforço de seus homens.
Que inversão de valores! Os verdadeiros heróis, continuam anônimos, com um salário de fome. O menino grande fica incólume, com a fama, a glória e a fortuna.

7 comentários:

  1. Olá Dr. que bom o senhor voltou a escrever..rsrs.
    Muito bom o seu texto, nos mostra que os homens gostão mesmo é de dinheiro, e dinheiro traz a falça senssação de poder, todo homem está atraz de poder, como dizia um velho professor meu de politica, os homens são movidos pela corrida do poder. Com uma postura desta mesquinha, é impossivel reconhecer quem te ajudou na caminhada da vida, neste caso os bombeiros.


    Abraços

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  2. Herói é o “homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade”. Baseado na definição de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira...

    Enquanto pessoas de caráter duvidoso são apresentadas na “telinha mágica” como “personalidades” e são idolatradas, muitos brasileiros valorosos seguem sua jornada diária, com ética e trabalho árduo, nas mais variadas profissões, lutando pelo bem comum, longe dos holofotes da grande mídia. "heróis"

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  3. Oi D. Mauricio, muito bom seu texto...esse vai p/ o meu projeto com os 3º anos..."MALESAS DA GUERRA FRIA"...capitalismo x mídia. Será citado como autor conhecido, tenho bons alunos, comentarei o resultado.
    Um abraço.

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  4. O que pensa sobre este ilustre paciente que não teve Dr. Mauricio?

    WOLFGANG AMADEUS MOZART

    Com a história de Amadeus Mozard aprendemos então que, por vezes, a mediocridade, falta de nível, vulgaridade e o “não-carácter”, características de Homens não dotados de inteligência para observar a realidade tal como ela é, com humildade e certezas, fazem com que se crie uma tensão na concepção de justiça, no que é justo acontecer e a quem...
    “Amadeus” permite-nos então acordar e reflectir sobre a sociedade em que estamos inseridos, pois do futuro nada sabemos, mas os acontecimentos e as mentalidades do passado repercutam-se pelo presente e, então, pergunto-vos eu, será possível dotar os Homens duma capacidade intelectual de analisar a sua própria vida, observando as suas acções e refletindo no que é meramente vulgar ou no que nos distingue dos outros? Somos capazes de implementar aos outros as nossas vontades de mudança e de enxergar a vida? Mas então, se sim, porque é que ainda, grande parte, não o fez?!

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  5. Dr. Mauricio,

    Cadê o texto posterior a este????? não entendi...

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  6. É Dr, cadê o outro texto, por que o senhor tirou ele?

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  7. Eu escrevi "chatíssimo" pra pentelhar. :)
    Espero que não tenha sido por isso.
    Te ligo mais tarde.

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