Uma pensionista e o marido quebraram uma agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Palhoça, na Grande Florianópolis, na manhã desta quarta-feira, (27/02/11). A mulher, uma cozinheira que sofre de depressão, alega que está sem receber o benefício há cinco meses. O casal se revoltou após um médico negar o pedido do benefício sem examiná-la.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/02/23/pensionista-marido-quebram-agencia-do-inss-na-grande-florianopolis-923864427.asp
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Síndrome de Pânico
O pior deste quadro, a meu ver, é o tempo normalmente prolongado entre o início dos sintomas e o tratamento. Muitos pacientes sofrem por meses, indo com freqüência a serviços de urgência, perambulando entre pronto-socorros, sentindo-se mal, com a impressão de que estão com a vida por um fio, são atendidos, examinados, fazem alguns exames, mas nada de conclusivo é encontrado. Os sintomas são muito desagradáveis, se acompanham de intenso temor. O coração se acelera, o suor aumenta, aparecem tremores, formigamantos, sensação de sufocamento, falta de ar, dor no peito, desconforto abdominal, sensação de tontura e desmaio iminente, medo de morrer, calafrios ou ondas de calor. Muitas vezes, as preocupações relativas à morte por problemas cardíacos ou respiratórios dominam o quadro. As crises são tão assustadoras, que o indivíduo começa a ter medo que se repitam, fica sempre alerta aos sintomas, evita sair de casa para não passar mal na rua. A preocupação com um próximo ataque pode dominar o pensamento do paciente, alguns deixam de dirigir, de sair desacompanhados, em situações extremas, não sai mais de casa.
Pacientes com esse quadro são comuns em salas de emergência, muitas vezes sentem-se ofendidos quando encaminhados ao psiquiatra, alegando que estão doentes, e não “loucos”. O tratamento é feito com base no uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, quando bem conduzido, faz com que os sintomas desapareçam e a pessoa retome sua vida normalmente, sem que fique dependente de remédios.
Pacientes com esse quadro são comuns em salas de emergência, muitas vezes sentem-se ofendidos quando encaminhados ao psiquiatra, alegando que estão doentes, e não “loucos”. O tratamento é feito com base no uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, quando bem conduzido, faz com que os sintomas desapareçam e a pessoa retome sua vida normalmente, sem que fique dependente de remédios.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Preconceito e Depressão
Professores aprovados no último concurso para a rede estadual de São Paulo estão sendo impedidos de assumir seus cargos por terem tido, em algum momento passado, episódio de depressão. Devem permanecer em contratos temporários, uma decisão evidentemente preconceituosa. Avaliação psicológica os classificam como de "ingresso temerário" e "não aptos". Docentes míopes e obesos também tem sido alvo de preconceito e discriminação.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683281,0.php
Fonte:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683281,0.php
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
O hipocondríaco
O problema do hipocondríaco não é estar doente, mas ter medo de estar doente, o que, de certa forma para a psiquiatria, paradoxalmente, o torna doente. O paciente traz inúmeras queixas físicas e, pior do que isso, interpreta fenômenos físicos normais, como batimentos cardíacos ou movimentos intestinais, como sendo sinais de que algo está profundamente errado com sua saúde. Costuma ter um medo irracional de morrer e uma obsessão por sintomas físicos irrelevantes. É comum que procure diversos médicos, em especialidades distintas, faça investigações laboratoriais extensas e desnecessárias, e quando é informado que sua saúde está em ordem, acha que o médico não lhe deu a devida atenção ou não é competente o bastante, passando a procurar outro, inconformado, numa busca sem fim. Quando encaminhado ao psiquiatra, muitas vezes se sente incompreendido, ofendido. Mas a psiquiatria pode ajudá-lo, pois geralmente esses pacientes apresentam sintomas concomitantes de depressão e ansiedade (que pode chegar ao pânico), às vezes extremamente incapacitante, podendo se beneficiar de uma abordagem antidepressiva com medicamentos, e principalmente uma psicoterapia empática. O hipocondríaco pode se sentir melhor com um tratamento adequado.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Preconceito e ignorância
Antes do conhecimento da molécula de DNA, descrita por Watson e Crick, em 1953, muitas pessoas acreditavam que o material hereditário fosse transmitido pelo sangue, sendo esta a origem de termos como "puro-sangue" e parentes "consanguíneos". Durante a segunda guerra mundial, soldados brancos pensavam que poderiam ter um filho negro se por acaso recebecem sangue de doadores negros. Nos Estados Unidos, por este motivo, os bancos de sangue mantinham reservas separadas de doadores brancos e negros até 1952.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Jovens propensos a disturbios alimentares usam mais o Facebook
Doenças que envolvem distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia, são diretamente proporcionais ao tempo passado no site de relacionamentos Facebook, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (7) pela Universidade de Haifa, em Israel.
Segundo o site redOrbit, o estudo avaliou basicamente os efeitos de dois fatores de distúrbios alimentares em jovens garotas: a exposição à mídia e a capacidade de resistência. Para o estudo, a universidade tomou como base um grupo de 248 garotas cujas idades variavam entre 12 e 19 anos (em uma média de 14,8 anos). Os pesquisadores pediram informações do que as meninas consumiam em internet e televisão, além de pedirem para que elas dessem um determinado número de programas que refletisse o modelo de corpo ideal.
As garotas também responderam a questionários que mediam a aproximação de cada uma delas com o emagrecimento, bulimia, satisfação (ou insatisfação) física, consumo de comida e a capacidade de tomar decisões. Os resultados indicaram que quanto mais tempo as garotas passam no Facebook, mais sofrem de distúrbios como bulimia, anorexia, insatisfação física, autoimagem negativa, rejeição à alimentação e dietas para perder peso.
A exposição extensiva a conteúdos de moda e música demonstraram tendências similares --mas se manifestaram em números menores de tipos de distúrbios alimentares.
http://www1.folha.uol.com.br/tec/872077-jovens-propensos-a-disturbios-alimentares-usam-mais-facebook.shtml
Segundo o site redOrbit, o estudo avaliou basicamente os efeitos de dois fatores de distúrbios alimentares em jovens garotas: a exposição à mídia e a capacidade de resistência. Para o estudo, a universidade tomou como base um grupo de 248 garotas cujas idades variavam entre 12 e 19 anos (em uma média de 14,8 anos). Os pesquisadores pediram informações do que as meninas consumiam em internet e televisão, além de pedirem para que elas dessem um determinado número de programas que refletisse o modelo de corpo ideal.
As garotas também responderam a questionários que mediam a aproximação de cada uma delas com o emagrecimento, bulimia, satisfação (ou insatisfação) física, consumo de comida e a capacidade de tomar decisões. Os resultados indicaram que quanto mais tempo as garotas passam no Facebook, mais sofrem de distúrbios como bulimia, anorexia, insatisfação física, autoimagem negativa, rejeição à alimentação e dietas para perder peso.
A exposição extensiva a conteúdos de moda e música demonstraram tendências similares --mas se manifestaram em números menores de tipos de distúrbios alimentares.
http://www1.folha.uol.com.br/tec/872077-jovens-propensos-a-disturbios-alimentares-usam-mais-facebook.shtml
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
A fisgada da saudade
" Ela foi rápida, levantou a mão e perguntou.
"O senhor acredita em Deus?"
A pergunta me surpreendeu porque o assunto não era a existência de Deus, mas os descaminhos da educação. Mas logo compreendi. Ela não havia ido ali para aprender sobre escolas, professores e alunos. Ela trouxera sua dor pronta e a levava por onde quer que andasse. Não era pergunta de catecismo. Era coisa que lhe doía na carne e na alma, espinho nas vísceras. Pois não é quando a vida dói que balbuciamos o nome sagrado, pra ter esperança, pra que a vida doa menos? Quem pode dizer o nome sagrado, pra ter esperança, pra que a vida doa menos? Quem pode dizer o nome sagrado, acreditando, dorme sem sobressaltos.
Riobaldo sabia e dizia: "Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dá esperança, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas... Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim, dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença para coisa nenhuma".
Saudade é um vazio que dói, presença da uma ausência, lugar onde o amor se aninhou, mas agora o ninho está vazio...Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que vai chegar ou a que arruma para o filho que nunca vai chegar?
Ela me perguntava se eu "acreditava". Mas eu, como R.S.Thomas e o Chico, de Deus só tenho a nostalgia e a saudade.
Se eu tivesse me lembrado, eu simplesmente teria dito:"Não, eu não acredito em Deus. Concordo com o poeta: Alberto Caeiro diz que não acredita em Deus porque nunca o viu. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, sem dúvida que viria falar comigo, e entraria pela minha porta a dentro dizendo-me: "Aqui estou". Pensar em Deus é desobedecer a Deus, porque Deus quis que não o conhecêssemos. Por isso se nos não mostrou."
Não, não acredito em Deus. O que eu tenho é aquela dor chamada saudade... A Adélia sabia e sofria: "Eh saudade! De quê, meu Deus? Não sei mais..."
Deus é essa fisgada sem nome que sinto no coração. Ela tem hora certa para aparecer: no crepúsculo. Verso de Browning: "A gente vai andando solidamente pela rua e, de repente, um pôr-de-sol... E estamos perdidos de novo"."Por causa dessa dor sem nome eu acendo meus altares com poesia e música para colocar beleza no abismo escuro..."
Não, não acredito em Deus. Mas sinto a fisgada...
(Texto de Rubem Alves, teólogo e psicanalista: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp )
"O senhor acredita em Deus?"
A pergunta me surpreendeu porque o assunto não era a existência de Deus, mas os descaminhos da educação. Mas logo compreendi. Ela não havia ido ali para aprender sobre escolas, professores e alunos. Ela trouxera sua dor pronta e a levava por onde quer que andasse. Não era pergunta de catecismo. Era coisa que lhe doía na carne e na alma, espinho nas vísceras. Pois não é quando a vida dói que balbuciamos o nome sagrado, pra ter esperança, pra que a vida doa menos? Quem pode dizer o nome sagrado, pra ter esperança, pra que a vida doa menos? Quem pode dizer o nome sagrado, acreditando, dorme sem sobressaltos.
Riobaldo sabia e dizia: "Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dá esperança, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas... Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim, dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença para coisa nenhuma".
Lembrei-me de R.S. Thomas, pastor e poeta numa pobre e rude comunidade rural da Irlanda. Pastor, devia saber. Porque não é pra isso que os fiéis vão à igreja, pra ouvirem do padre ou pastor que Ele existe? Mas ele de Deus só ouvia o silêncio: "Nenhuma palavra veio ao homem ajoelhado. Ele só ouviu a canção do vento. Ou o barulho seco de asas que não via, não eram anjos, eram morcegos no alto do forro da igreja. Ele não virá mais..." Nesse "Ele não virá mais..." estava toda a sua dor.
Agora, quando sinto a fisgada, busco o socorro dos poetas. Se eu tivesse me lembrado, minha resposta teria sido outra. Eu teria repetido as palavras do Chico:
"Oh, metade arrancada de mim... Leva o vulto teu,
Que a saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu..."
Saudade é um vazio que dói, presença da uma ausência, lugar onde o amor se aninhou, mas agora o ninho está vazio...Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que vai chegar ou a que arruma para o filho que nunca vai chegar?
Ela me perguntava se eu "acreditava". Mas eu, como R.S.Thomas e o Chico, de Deus só tenho a nostalgia e a saudade.
Se eu tivesse me lembrado, eu simplesmente teria dito:"Não, eu não acredito em Deus. Concordo com o poeta: Alberto Caeiro diz que não acredita em Deus porque nunca o viu. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, sem dúvida que viria falar comigo, e entraria pela minha porta a dentro dizendo-me: "Aqui estou". Pensar em Deus é desobedecer a Deus, porque Deus quis que não o conhecêssemos. Por isso se nos não mostrou."
Não, não acredito em Deus. O que eu tenho é aquela dor chamada saudade... A Adélia sabia e sofria: "Eh saudade! De quê, meu Deus? Não sei mais..."
Deus é essa fisgada sem nome que sinto no coração. Ela tem hora certa para aparecer: no crepúsculo. Verso de Browning: "A gente vai andando solidamente pela rua e, de repente, um pôr-de-sol... E estamos perdidos de novo"."Por causa dessa dor sem nome eu acendo meus altares com poesia e música para colocar beleza no abismo escuro..."
Não, não acredito em Deus. Mas sinto a fisgada...
(Texto de Rubem Alves, teólogo e psicanalista: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp )
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O eletrochoque
A mesma necessidade que faz com que alguns homens criem deuses para amar (e neles projetar esperanças), faz com que também criem demônios para odiar (e depositar culpas). O grande demônio da psiquiatria é o“eletrochoque”, nome infeliz, pois induz ao erro. Prefiro o termo “eletroconvulsoterapia” (ECT), que significa tratamento (terapia) decorrente de convulsão induzida por choque elétrico.
Quando um computador começa a funcionar mal, de maneira errática, abrindo janelas indevidas, não respondendo adequadamente aos comandos, aprendemos, pela prática, que algo útil pode ser “dar um boot”; desligar tudo e reinicializar seu funcionamento do zero. Isso resolve muitas vezes. Quando o sistema de condução dos impulsos elétricos do coração falha, podem surgir arritmias (como a fibrilação), e uma descarga elétrica (um choque), aplicado com precisão, reverte o quadro, salvando a vida do paciente. Isso acontece com tanta freqüência na prática, que se discutem leis sobre a necessidade da presença de desfibriladores em lugares públicos. O cérebro é um órgão de funcionamento essencialmente elétrico, algo de seu funcionamento é avaliado pelo famoso exame de eletroencefalografia. Atividade elétrica externa pode interferir, e em alguns casos, melhorar, seu funcionamento. No passado, médicos perceberam que doentes mentais, às vezes melhoravam de sintomas de depressão e psicose após apresentar uma crise epilética (convulsiva), que pode, de maneira controlada vir a ser induzida por um choque elétrico, base do tratamento de ECT.
Fui apresentado à técnica pelo prof. Sérgio Paulo Rigonatti, diretor do serviço de ECT do Instituto de Psiquiatria do HC, quando eu ainda era estudante. Testemunhei a melhora dramática que proporcionava a pacientes graves. Com o passar dos anos, quando me deparava com pacientes com indicação para este tratamento, continuei encaminhando-os para o HC. Tive vários pacientes que, me procuravam em recaídas e pediam novas aplicações de ECT, dizendo algo como “estou piorando, doutor, preciso de novas aplicações de choque”.
Apenas o medo, a ignorância, ou o preconceito falam contra o ECT. Essa técnica está caindo em desuso por questões político-ideológicas, e não técnicas. Além de ir contra os interesses da indústria farmacêutica, muitos intelectuais de esquerda sofreram choques aplicados como tortura durante o regime militar em delegacias. José Genoíno, Dilma Roussef e vários formadores de opinião tiveram esta triste experiência no passado. Mas parece que lhes falta inteligência para distinguir tortura de tratamento.
Na Folha de ontem:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0202201101.htm
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Provas da existência de Deus: 8
Argumento do teólogo Richard Swinburne, da Universidade de Oxford: Sobre o desvendar do mistério da necessidade do sofrimento.
"Nosso sofrimento nos dá a oportunidade de mostrar coragem e paciência. Ele dá oportunidade ao próximo de demonstrar por nós solidariedade e aliviar nossa dor. Embora o bom Deus lamente nosso sofrimento, sua maior preocupação é certamente que cada um de nós mostre paciência, solidariedade e generosidade e, assim, forme um caráter sagrado. Algumas pessoas precisam muito ficar doentes para o seu próprio bem, e algumas pessoas precisam muito ficar doentes para proporcionar escolhas importantes para outras. Só assim algumas pessoas são encorajadas a fazer escolhas graves sobre o tipo de pessoa que serão. Para outros, a doença não é assim tão útil."
Para conhecer mais maravilhas do pensamento do ilustre teólogo, consulte sua obras:
Is there a God (1996) e The existence of God (2004); Oxford: Oxford University Press
Para conhecer mais maravilhas do pensamento do ilustre teólogo, consulte sua obras:
Is there a God (1996) e The existence of God (2004); Oxford: Oxford University Press
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