O estudo psicológico das religiões nos leva a pensar sobre esta teoria, presente atualmente em muitas das religiões em moda no ocidente. Ela afirma que existe um Deus, que é não apenas sábio e poderoso, mas também bom e justo. Esse Deus zelaria pela ordem no universo e teria interesse direto no bem-estar dos homens. Acreditar nisso, leva a consequências na percepção de como o mundo funciona. O mundo é sentido como menos hostil, baixa a expectativa de aleatoriedade e do acaso na determinação dos acontecimentos e na distribuição de alegrias e desgraças. Isso explica a constatação de que as pessoas religiosas tendem a ser mais conservadoras, menos envolvidas em propostas de mudança social e mais acomodadas diante dos infortúnios. Assim, quanto mais se acredita que Deus tem interesse nos homens, mais o mundo deve ser justo e cada um deve estar recebendo o que merece. Levando esse pensamento adiante, então quem está se dando mal na vida, deve ter feito algo para merecê-lo. Não acreditar nisso cria uma contradição, uma incongruência que precisaria ser resolvida para quem valoriza a lógica do mundo justo. Culpa-se a vítima, negando a legitimidade de seu sofrimento, a fim de proteger a fé que se professa. Ou seja, o que parece injustiça, na verdade seria consequência do pecado, caso contrário, Deus não seria bom, o que, para o religioso é impensável. Pensar nos fatos até sua consequência final pode fazer com que aqueles que acreditam na teoria do “mundo justo”, sejam mais "malvados".
Conforme nos ensina Piaget, é da natureza das crianças achar que o mundo tem formas de organização, o que permite o aprendizado e a educação. A religião, seria uma forma de pensamento que parasitaria essa predisposição mental, que é um fenômeno biológico inato do cérebro humano, conforme nos explica Renato Zamora Flores, Prof. Adjunto da UFRGS, autoridade no assunto. Ele nos mostra como o otimismo religioso do mundo justo está associado a maiores níveis de fertilidade, ou seja, pessoas religiosas tendem a ter mais filhos, o que, nos leva a um aumento na proporção de pessoas religiosas na população, no melhor estilo darwinista.
Parece mentira, mas não é: fundamentalistas religiosos acreditam que quem ganha na loteria fez mais por merecer que quem não ganhou... Continue apostando nessa ideia para ver onde acaba.
Depois faço a loteca com a patroa,
Quem sabe, nosso dia vai chegar...
E rio, porque rico ri à toa,
Também não custa nada imaginar...
(Vinícius de Moraes)