Só um maluco, se pudesse escolher um país onde nascer,
preferiria Cuba aos EUA. Como estudioso do comportamento humano, estou me
deliciando com as discussões a respeito da visita da blogueira cubana, Yoani
Sánchez, ao Brasil. Legiões de idiotas fazem apologia ao regime mais ditatorial
e infeliz das Américas. Apaixonadas discussões em jornais, revistas, programas
de entrevistas, sempre rodeando o tema do suposto paraíso cubano, parecendo
mais discussões de torcidas infantis de futebol de várzea, me fizeram lembrar
de antigas discussões ocorridas na Idade Média, sobre temas ligados à
santidade. Parece conversa de louco, coisa que eu adoro.
Naqueles tempos, muito se discutia sobre a humildade de
Jesus, se ele possuía ou não as roupas que vestia, aqueles trapos, supostamente
poderiam ser interpretadas como sinal de riqueza material, incompatível com seu
amor pela pobreza. Pessoas eram queimadas vivas em fogueiras, caso discordassem
da opinião das autoridades do momento. Tentava-se calcular quantas gotas de
sangue teriam vertido durante seu martírio. Outro problema era relativo às
fezes de Jesus. Uma vez que o filho do Homem habitava um corpo físico como os
outros, discutia-se muito se suas fezes também federiam como as dos demais, ou
se teriam um odor agradável, talvez floral, derivado de sua santidade. O que
hoje parece inútil ou idiotice, ocupou as mentes mais privilegiadas da época,
durante gerações sucessivas, em discussões teológicas infindáveis, que não
chegavam a conclusão nenhuma, e para as quais ninguém mais liga...
Eu consigo imaginar um futuro no qual as acaloradas
discussões de hoje sobre o fato de Cuba ser ou não um país maravilhoso, com um
povo feliz ou não, serão lembradas como os exemplos medievais que citei; ou
seja, discussões bizarras, inúteis, improdutivas e que, revelam muito mais a
respeito da personalidade de quem argumenta do que sobre os fatos objetivos em
si. Discussão entre lunáticos. Prato cheio para um psiquiatra.
A cada canto um grande conselheiro,
ResponderExcluirQue nos quer governar a cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para a levar à Praça, e ao Terreiro.
[...]
(Gregório de Matos)