terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fantasmas Existem



O processo de luto é um exemplo do que chamamos de elaboração psíquica, algo parecido com uma digestão da realidade. Não basta registrar um conhecimento, é preciso colocá-lo nos lugares certos: consciência e memória. É preciso aceitar as circunstâncias da vida, sejam felizes ou dolorosas. Devemos matar os nossos mortos, para que tenham paz e nos deixem viver tranqüilos. Ao negar a morte, construímos um fantasma, que perambula em nossa volta. Se alguém nos tiraniza depois da morte, é provável que nos fizesse o mesmo em vida, e se nega a desaparecer. O luto não acaba, a relação e o sofrimento persistem. Aqueles que nos amam de verdade, participam de nossa felicidade, não precisam de uma pseudo-vida eterna. Morrem e nos deixam viver.
Nas pessoas com dificuldade em aceitar a morte, o processo de luto não se conclui, acontecendo que se perpetuem a dor e o sofrimento. Tristeza, desesperança, morbidez. Tornam-se um peso “morto” para os amigos.
Nunca fui assombrado. Mas acredito em quem diz ver fantasmas.

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