segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Afortunada Morte



Em breve vou morrer, o que me torna afortunado.
A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer.

As pessoas potenciais, que poderiam ter nascido em meu lugar, mas jamais verão a luz do dia, são mais numerosas do que os grãos de areia em todas as praias do planeta. Esses fantasmas não nascidos, o conjunto de pessoas “possíveis” pelas combinações permitidas pelas moléculas de DNA, excede em muito as pessoas reais. Simplesmente existir já exige muita sorte. Depois de um sono não percebido de centenas de milhões de anos, contrariando possibilidades astronômicas, acordamos aqui. Como indivíduos únicos, somos abençoados por ter recebido o privilégio da oportunidade de compreender porque nossos olhos estão abertos, e porque eles veem o que veem, no curto espaço de tempo do qual dispõe, antes de se fecharem para sempre. Depois de dormir por 14 bilhões de anos sem sabê-lo, abrimos finalmente nossos improváveis olhos, que em poucos anos se fecharão de volta ao escuro atemporal. Antes que isso aconteça, nos compete desentorpecer os sentidos, imersos que estão no sedativo da rotina comum, anestesiados pelo aconchego da familiaridade, que oculta a maravilha da existência.

Viver é bom

6 comentários:

  1. Lindos olhos,
    Será que não me enxergam?

    ****

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  2. para algumas pessoas viver não é tão bom assim

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  3. Dr. Mauricio, um comentário bom e verdadeiro, pena mesmo que muitas pessoas não pensem assim.
    Abraços do sempre paciente e amigo Wilson.

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  4. Dr. Mauricio realmente uma verdade, mas os humanos e racionais são assim. quem sabe um dia melhoramos e usamos de sabedoria.
    Do paciente e amigo Wilson.

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