terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Sexo: o inventor do envelhecimento



Fruto da união de seus pais, um bebê nasce. Se tudo correr bem, ele se tornará uma criança, depois um adulto. Sobrevivendo às intempéries, poderá ter os seus próprios filhos, envelhecer e, por fim morrer. Neste processo, sem que ele saiba o porquê, às vezes sentirá vontade de beber água, às vezes de se alimentar. Sentirá atrações irresistíveis pelo sexo oposto, desejo de aconchego, raiva, alegria, tristeza, sono e outras coisas. Seu corpo e psiquismo vão mudar independentemente de sua compreensão, e muitas vezes contra sua vontade. A partir de certo momento, seu vigor entrará em declínio progressivo e a morte será o desfecho inevitável. Não adiantaria em nada cercá-lo de todo o conforto, alimentação saudável, medicina de primeira. Ele vai morrer, não importa o que se faça. A morte é um evento previsto e programado em seu genoma.
Bactérias e protozoários podem se reproduzir de maneira assexuada, simplesmente se duplicando por mitose. Uma célula vai crescendo lentamente até ficar grande, e se divide em duas menores. A célula “mãe” deixa de existir, sem morrer, sem deixar um “cadáver”. Ao contrário, produz dois “filhos” genéticamente idênticos a ela. Na verdade, não há mãe ou filho, são mais como irmãos gêmeos. Se conseguirem alimento, abrigo e não forem devorados, como nós, poderão continuar se reproduzindo, mas com uma diferença muito interessante: não “envelhecerão”. Poderão morrer, caso sejam devoradas, queimadas, ressecadas. Mas, se forem deixadas em paz e com alimento, prosperarão sem limites. O universo bacteriano desconhece a morte “natural”, por envelhecimento Existe algo de imortalidade na vida das bactérias.
Ao clonarem mamíferos, os cientistas se depararam com o inusitado fato do envelhecimento precoce dos clones. Isso é coerente com a programação genética que carregamos para definhar, passado o período necessário à reprodução. Essa programação passou a existir com o advento da reprodução sexual. Ao que tudo indica, durante os primeiros 2,5 bilhões de anos, a vida na terra se manteve exclusivamente em formas unicelulares simples, muito semelhantes às bactérias atuais. A evolução para formas multicelulares, como nós, incluiu duas novidades: o sexo e a morte programada.

Se você gosta de sexo, nunca se esqueça disso. É por causa dele que vamos morrer.

2 comentários:

  1. Tudo que é bom ou mata...ou engorda! Não tem jeito é a lei da vida.....só resta se conformar...e engordar! ahahhahahaahahahhaahhaha

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  2. Interessante. Nunca havia pensado nisso!

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