Schopenhauer. Meu filósofo favorito (1788-1860). Absoluta e constantemente pessimista, já me fez pensar que a depressão não deveria ser considerada uma doença, mas sim um sinal de inteligência ou lucidez.
“Podemos classificar a vida como um episódio que perturba inutilmente a bem-aventurada tranqüilidade do nada. A existência humana deve ser alguma espécie de equívoco, pois se hoje já é ruim, a cada dia torna-se pior, até que o pior do pior aconteça. A vida é tão desolada, curta e duvidosa, que não vale grandes esforços, é mantida por ilusões. Se a existência fosse uma condição agradável, todos relutariam em entregar-se ao estado de inconsciência do sono e dele despertariam com alegria. Mas acontece justamente o contrário. As pessoas anseiam pela hora de dormir e, pela manhã, despertam contrariadas.” Permaneceu solteiro, pois “casar significa fazer todo o possível para tornar-se objeto de uma aversão recíproca”. Acreditava que o desejo nos movia em direção à melancolia o que, dizia, ficava claro na lassidão dos casais após o sexo: “Imediatamente após a cópula, ouvem-se as gargalhadas do Diabo”. Pensar no resultado de tratá-lo é interessante... O quanto ele poderia melhorar, e o quanto me deixaria pior? Com essa cara feia assim, sei não...
sábado, 12 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Chapéuzinho Vermelho
-Que orelhas enormes a Sra. Tem, Vovó...
-São para te ouvir melhor, minha netinha!
-Para que é esse nariz enorme?
-Prá te cheirar melhor, queridinha...
-E para que é essa boca enorme?
-Prá te COMER melhor, minha linda !!!
Quando Chapéuzinho sai da segurança de sua casa para a floresta, recebe um aviso de sua mãe, para que siga pelo caminho seguro, e não se desvie, pois ela conhece bem os perigos que rondam sua ingenuidade, sabe do risco representado por lobos educados, de fala mansa. Ao encontrar o lobo na floresta, este não pode devorá-la, pois há lenhadores nas redondezas. Na presença de adultos responsáveis, o lobo nada tenta, astutamente perguntando então para onde ela vai, a fim de segui-la. Desvia sua atenção para as belezas da natureza, com intuito de distraí-la e atrasá-la. Despreocupada, Chapéuzinho se atrasa e chega depois que vovó já foi devorada pelo lobo, que a aguarda.
É então que acontece o interessante duelo verbal a respeito de partes grandes e peludas do corpo do Lobo Mau. São verdadeiras preliminares, nas quais o que seduz não são os atributos físicos, mas sim as intenções ocultas dele. Intrigada pelo desejo do lobo, a criança se fascina com a intuição de que existe algo de muito interessante que anima o mundo dos adultos, algo relacionado com o perigo que as meninas inocentes correm, quando, apesar de virtuosas e obedientes, se descuidam dos conselhos da mãe, ou se desviam do caminho traçado. Agora não há adultos responsáveis por perto para protegê-la, nem mãe, nem avó, nem lenhador. Há algo de misterioso no lobo que a atrai, é por isso que ele é tão perigoso. Sua mãe já sabia disso. Na verdade não só sabia, como também o previra e queria evitá-lo, o que é inútil, pois esse encontro está fadado a algum dia,fatalmente acontecer. No final, Chapéuzinho é retirada de dentro da barriga do lobo pelo lenhador.
No conto, são descritas três gerações femininas: filha, mãe e avó. A figura do pai não é diretamente mencionada, embora presente, de forma velada em suas duas fortes naturezas opostas e contraditórias. A versão responsável, respeitosa e salvadora (o lenhador); e seu oposto, perigoso, sedutor, inaceitável, o lobo. Todo homem, dentre eles o pai, carrega um animal escondido dentro de si. A criança tenta decodificar o código de organização sexual secreto dos adultos. Quem pode casar com quem? Porque vovó e as crianças estão excluídos? Qual o Caminho seguro?
Uma crise existencial é ultrapassada. Chapéuzinho Vermelho perde a inocência infantil quando se encontra com os perigos do mundo (e de dentro de si mesma), cai na conversa do lobo e é devorada; mas renasce, ao ser retirada de barriga dele pelo lenhador: não como a criança que era, mas como a donzela que se tornou.
-São para te ouvir melhor, minha netinha!
-Para que é esse nariz enorme?
-Prá te cheirar melhor, queridinha...
-E para que é essa boca enorme?
-Prá te COMER melhor, minha linda !!!
Quando Chapéuzinho sai da segurança de sua casa para a floresta, recebe um aviso de sua mãe, para que siga pelo caminho seguro, e não se desvie, pois ela conhece bem os perigos que rondam sua ingenuidade, sabe do risco representado por lobos educados, de fala mansa. Ao encontrar o lobo na floresta, este não pode devorá-la, pois há lenhadores nas redondezas. Na presença de adultos responsáveis, o lobo nada tenta, astutamente perguntando então para onde ela vai, a fim de segui-la. Desvia sua atenção para as belezas da natureza, com intuito de distraí-la e atrasá-la. Despreocupada, Chapéuzinho se atrasa e chega depois que vovó já foi devorada pelo lobo, que a aguarda.
É então que acontece o interessante duelo verbal a respeito de partes grandes e peludas do corpo do Lobo Mau. São verdadeiras preliminares, nas quais o que seduz não são os atributos físicos, mas sim as intenções ocultas dele. Intrigada pelo desejo do lobo, a criança se fascina com a intuição de que existe algo de muito interessante que anima o mundo dos adultos, algo relacionado com o perigo que as meninas inocentes correm, quando, apesar de virtuosas e obedientes, se descuidam dos conselhos da mãe, ou se desviam do caminho traçado. Agora não há adultos responsáveis por perto para protegê-la, nem mãe, nem avó, nem lenhador. Há algo de misterioso no lobo que a atrai, é por isso que ele é tão perigoso. Sua mãe já sabia disso. Na verdade não só sabia, como também o previra e queria evitá-lo, o que é inútil, pois esse encontro está fadado a algum dia,fatalmente acontecer. No final, Chapéuzinho é retirada de dentro da barriga do lobo pelo lenhador.
No conto, são descritas três gerações femininas: filha, mãe e avó. A figura do pai não é diretamente mencionada, embora presente, de forma velada em suas duas fortes naturezas opostas e contraditórias. A versão responsável, respeitosa e salvadora (o lenhador); e seu oposto, perigoso, sedutor, inaceitável, o lobo. Todo homem, dentre eles o pai, carrega um animal escondido dentro de si. A criança tenta decodificar o código de organização sexual secreto dos adultos. Quem pode casar com quem? Porque vovó e as crianças estão excluídos? Qual o Caminho seguro?
Uma crise existencial é ultrapassada. Chapéuzinho Vermelho perde a inocência infantil quando se encontra com os perigos do mundo (e de dentro de si mesma), cai na conversa do lobo e é devorada; mas renasce, ao ser retirada de barriga dele pelo lenhador: não como a criança que era, mas como a donzela que se tornou.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
A imensa distância entre discurso e fato.
O mundo não é bom. É um lugar hostil, no qual temos de lutar incessantemente pela sobrevivência, que se faz às custas da morte de outros. É um lugar onde sobrevivem os mais fortes, astutos e inteligentes. Não há lugar para os fracos. Embora não seja bom, o mundo também não é mau. Simplesmente ele é indiferente. Indiferente ao sofrimento das criaturas. Não é nada amoroso. Por isso que se fala tanto em filosofias de piedade e amor ao próximo. É evidente que se esse amor existisse mesmo, não se precisaria fazer tanta demagogia ou alarde a respeito de sua existência ou valor.
“Tantos escravos foram embarcados na ilha de Moçambique que um tronco de mármore foi erguido na praia, diante do palácio. Era ali que o bispo se postava, diante dos escravos acorrentados, sacudindo as mãos para convertê-los ao Cristianismo. Assim, se morressem na viagem, antes de chegar à América, iriam para o Céu. Era uma prudente precaução, porque os navios partiam tão atulhados que trinta a quarenta por cento dos escravos morria. Seus corpos eram jogados ao mar. Mas todos, graças a Deus, teriam o privilégio de morrer como bons cristãos.”
Entre haspas, trecho extraído do romance "Os Rebeldes", de James A. Michener, do qual sou fã, autor dos melhores romances históricos que li, e que recomendo a todos.
“Tantos escravos foram embarcados na ilha de Moçambique que um tronco de mármore foi erguido na praia, diante do palácio. Era ali que o bispo se postava, diante dos escravos acorrentados, sacudindo as mãos para convertê-los ao Cristianismo. Assim, se morressem na viagem, antes de chegar à América, iriam para o Céu. Era uma prudente precaução, porque os navios partiam tão atulhados que trinta a quarenta por cento dos escravos morria. Seus corpos eram jogados ao mar. Mas todos, graças a Deus, teriam o privilégio de morrer como bons cristãos.”
Entre haspas, trecho extraído do romance "Os Rebeldes", de James A. Michener, do qual sou fã, autor dos melhores romances históricos que li, e que recomendo a todos.
domingo, 6 de junho de 2010
O Haver
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
essa intimidade perfeita com o silêncio.
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo.
Perdoai: eles não têm culpa de ter nascido.
(Vinícius de Moraes)
essa intimidade perfeita com o silêncio.
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo.
Perdoai: eles não têm culpa de ter nascido.
(Vinícius de Moraes)
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Pacientes que não tive 01: Gauguin
Em 08/05/1903, o bispo das Ilhas Marquesas, pouco caridosamente, testemunhou a morte de “um artista conhecido, porém inimigo de Deus”. Era o fim de Paul Gauguin, aos 54 anos , solitário, pobre e sifilítico numa cela de prisão.
Artista tão pouco convencional em sua arte como em sua vida, aos 35 anos abandonou uma respeitável e próspera carreira na bolsa de valores, sua esposa e seus cinco filhos, trocando a segurança material na França, por uma vida cheia de contradições e episódios apaixonantes nos mares do Pacífico sul. O desejo de liberdade no plano artístico e no existencial o marginalizou da sociedade. Não se adaptava aos rígidos hábitos vitorianos, nem à sua hipocrisia. Decidiu viver como “um nativo”. Viveu na Bretanha, no Panamá e Taiti, buscando uma vida tranqüila e paradisíaca, junto a culturas primitivas, “puras”, intocadas pela sociedade “civilizada”.
Na evolução de seu estilo, percebemos um abandono gradual das paisagens por um interesse progressivo em figuras humanas, femininas, morenas, nuas. Ele pintou Annah, a Javanesca, uma “exuberante mulata de olhos incandescentes”. Em 1892, retratou sua nova mulher, Teha’amana, uma silvícola de 13 anos, nua, maravilhosamente esparramada na cama.
Empregou um colorido vibrante, irreal, para expressar, com emoção intensa, a beleza e os mistérios vivenciados. Ao saber da morte de sua distante filha, Aline, aos 20 anos, entrou num período sombrio, triste, durante o qual criou a obra-prima “De onde viemos? Que somos? Para onde vamos?” (1897), seu testamento artístico final, questionando a finalidade da existência humana. Doente, empobrecido, tentou o suicídio ingerindo arsênico. Morreu solitário, de sífilis, cumprindo pena por atos obscenos, na prisão.
Artista tão pouco convencional em sua arte como em sua vida, aos 35 anos abandonou uma respeitável e próspera carreira na bolsa de valores, sua esposa e seus cinco filhos, trocando a segurança material na França, por uma vida cheia de contradições e episódios apaixonantes nos mares do Pacífico sul. O desejo de liberdade no plano artístico e no existencial o marginalizou da sociedade. Não se adaptava aos rígidos hábitos vitorianos, nem à sua hipocrisia. Decidiu viver como “um nativo”. Viveu na Bretanha, no Panamá e Taiti, buscando uma vida tranqüila e paradisíaca, junto a culturas primitivas, “puras”, intocadas pela sociedade “civilizada”.
Na evolução de seu estilo, percebemos um abandono gradual das paisagens por um interesse progressivo em figuras humanas, femininas, morenas, nuas. Ele pintou Annah, a Javanesca, uma “exuberante mulata de olhos incandescentes”. Em 1892, retratou sua nova mulher, Teha’amana, uma silvícola de 13 anos, nua, maravilhosamente esparramada na cama.
Empregou um colorido vibrante, irreal, para expressar, com emoção intensa, a beleza e os mistérios vivenciados. Ao saber da morte de sua distante filha, Aline, aos 20 anos, entrou num período sombrio, triste, durante o qual criou a obra-prima “De onde viemos? Que somos? Para onde vamos?” (1897), seu testamento artístico final, questionando a finalidade da existência humana. Doente, empobrecido, tentou o suicídio ingerindo arsênico. Morreu solitário, de sífilis, cumprindo pena por atos obscenos, na prisão.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Luto
O luto é uma forma de viver a morte em vida, de constatar o limite humano. No luto, a morte torna-se presente e real, partilhamos com outros o fim de um semelhante e toda a emoção que o fato desperta no humano. Mas partilhamos, também, a realidade da vida com outros, estabelecemos vínculos que possibilitam o conhecimento entre as pessoas. A psicologia tem buscado diferenciar o chamado luto normal do luto patológico, doentio. As diferenças entre eles têm sido muito, freqüentemente, motivo de discussões. Muitos autores têm dificuldade em discriminar o momento que poderíamos considerar patológica a depressão causada por uma perda.
O luto é um processo contínuo, com cada pessoa vivenciando-o de uma forma forma diferente. Dividir o luto em 5 "fases" ajuda a pessoa enlutada a entender que as seus sentimentos são normais. Algumas pessoas passam rápido por todas as fases, enquanto outras parecem ficar "presas" numa fase específica. Resumindo, as fases do luto são as seguintes:
1- CHOQUE E NEGAÇÃO- A realidade da morte ainda não foi aceite. Ele ou ela se sente atordoado e atônito - como se tudo aquilo fosse irreal. "Não pode ser.Deve haver algum engano..."
2- RAIVA e CULPA- A pessoa enlutada frequentemente se volta contra a família, amigos, elas mesmas, Deus, ou o mundo em geral. Vão aparecer também sentimentos de culpa ou medo nesse estágio.
3-BARGANHA- Nessa fase a pessoa pede por um trato ou uma recompensa de Deus,do padre. Comentários do tipo "Eu vou à Igreja todo dia se ele voltar para mim" são comuns. Algumas religiões até formalizam estas relações na forma de “promessas”
4- DEPRESSÃO e TRISTEZA- A depressão ocorre como uma reação à mudança do modo de vida ocasionada pela perda. A pessoa enlutada se sente extremamente triste, desesperançada, inútil e cansada.
5- ACEITAÇÃO- A aceitação acontece quando as mudanças que a perda trouxe para a pessoa se estabilizam em um novo estilo de vida. A intensidade e a duração do processo de luto dependem de vários fatores
O luto é um processo contínuo, com cada pessoa vivenciando-o de uma forma forma diferente. Dividir o luto em 5 "fases" ajuda a pessoa enlutada a entender que as seus sentimentos são normais. Algumas pessoas passam rápido por todas as fases, enquanto outras parecem ficar "presas" numa fase específica. Resumindo, as fases do luto são as seguintes:
1- CHOQUE E NEGAÇÃO- A realidade da morte ainda não foi aceite. Ele ou ela se sente atordoado e atônito - como se tudo aquilo fosse irreal. "Não pode ser.Deve haver algum engano..."
2- RAIVA e CULPA- A pessoa enlutada frequentemente se volta contra a família, amigos, elas mesmas, Deus, ou o mundo em geral. Vão aparecer também sentimentos de culpa ou medo nesse estágio.
3-BARGANHA- Nessa fase a pessoa pede por um trato ou uma recompensa de Deus,do padre. Comentários do tipo "Eu vou à Igreja todo dia se ele voltar para mim" são comuns. Algumas religiões até formalizam estas relações na forma de “promessas”
4- DEPRESSÃO e TRISTEZA- A depressão ocorre como uma reação à mudança do modo de vida ocasionada pela perda. A pessoa enlutada se sente extremamente triste, desesperançada, inútil e cansada.
5- ACEITAÇÃO- A aceitação acontece quando as mudanças que a perda trouxe para a pessoa se estabilizam em um novo estilo de vida. A intensidade e a duração do processo de luto dependem de vários fatores
terça-feira, 25 de maio de 2010
Vampirismo e santidade
Ao ouvir do Santo Padre algo como beber o sangue de Cristo, fui tomado por estranhos pensamentos. Afinal, eu também tenho esse direito.
Beber o sangue de Cristo Salvador, no ritual da missa, traz vida, luz e esperança. Este, de quem se bebe o sangue, é o oposto de outro, que bebe nosso sangue. O vampiro, que já está morto, alimenta-se de sangue em busca da vida, que continua, para ele, na morte. Cristo, que morreu, oferece seu sangue e ressuscita para a vida eterna. O vampiro foge da cruz, para matá-lo é preciso fincar uma estaca em seu coração, uma farpa de madeira. Cristo morre cravado numa cruz, imensa estaca de madeira. A cruz, no cemitério, é uma estaca, fincada sobre a tumba do morto que abaixo descansa, em paz, no aposento do vampiro. O vampiro que da cruz foge, não descansa, mas dorme no leito dos mortos. Não pode ter contato com a luz, na qual envolto, Cristo ascende aos céus. O coração do vampiro morre pela estaca, e o coração de Cristo vive, visível nos quadros e pinturas.
Ambos parecem dizer o mesmo, de maneiras opostas. Talvez, por isso, nunca sejam vistos juntos. Noite e dia.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:54)
Beber o sangue de Cristo Salvador, no ritual da missa, traz vida, luz e esperança. Este, de quem se bebe o sangue, é o oposto de outro, que bebe nosso sangue. O vampiro, que já está morto, alimenta-se de sangue em busca da vida, que continua, para ele, na morte. Cristo, que morreu, oferece seu sangue e ressuscita para a vida eterna. O vampiro foge da cruz, para matá-lo é preciso fincar uma estaca em seu coração, uma farpa de madeira. Cristo morre cravado numa cruz, imensa estaca de madeira. A cruz, no cemitério, é uma estaca, fincada sobre a tumba do morto que abaixo descansa, em paz, no aposento do vampiro. O vampiro que da cruz foge, não descansa, mas dorme no leito dos mortos. Não pode ter contato com a luz, na qual envolto, Cristo ascende aos céus. O coração do vampiro morre pela estaca, e o coração de Cristo vive, visível nos quadros e pinturas.
Ambos parecem dizer o mesmo, de maneiras opostas. Talvez, por isso, nunca sejam vistos juntos. Noite e dia.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:54)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Dificuldades sexuais masculinas
No caso dos homens, os problemas mais comuns são a disfunção erétil e a ejaculação precoce. Ambas as situações são muito comuns, mas, ao contrário das mulheres, os homens relutam mais em admitir o problema e também em procurar tratamento. Trata-se de uma questão cultural que dificulta aos homens expor suas fraquezas. O que é uma pena, pois hoje em dia dispomos de excelentes medicações que podem resolver a maioria dos casos. Quem não ouviu falar no Viagra? É uma droga segura, eficaz, com resultados muito satisfatórios. E não é o único, existem diversos outros com efeito semelhante, ou melhor. A ejaculação precoce também é uma condição freqüente na clínica e que responde muito bem a medicamentos adequados.
Atualmente são condições totalmente tratáveis.
Atualmente são condições totalmente tratáveis.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Dificuldades sexuais femininas
"Doutor, meu problema é a frigidez. O que o senhor me recomenda?" Essa questão, colocada de maneira tão simples, tem sido um dos maiores desafios à ginecologia e à psiquiatria. Trata-se de uma confissão, mais que uma queixa médica, geralmente acompanhada de sentimentos de frustração, vergonha, mágoa e constrangimento. Seria como se a parte psíquica que desperta o interesse pelo sexo estivesse morta ou desligada.
Por uma questão acadêmica a Frigidez deve ser diferenciada a falta de orgasmo feminino. Muitas mulheres que não conseguem experimentar orgasmo continuam tendo prazer e interesse sexual. Para abordar o tema de forma mais propriada, convém tomarmos a questão dos problemas sexuais femininos, todos eles, sob a forma de Disfunção Sexual Feminina.
Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos ou sociais, sendo um dos mais freqüentes determinantes a monotonia conjugal. Também a educação que se recebeu, a falta de diálogo entre os parceiros, as práticas sexuais pouco gratificantes e até a resistência em inovar acabam minando o relacionamento e facilitam o desinteresse. O próprio fato de envelhecer e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual.
Leia tudo em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=91&sec=23
Um site com informações sérias e confiáveis.
Por uma questão acadêmica a Frigidez deve ser diferenciada a falta de orgasmo feminino. Muitas mulheres que não conseguem experimentar orgasmo continuam tendo prazer e interesse sexual. Para abordar o tema de forma mais propriada, convém tomarmos a questão dos problemas sexuais femininos, todos eles, sob a forma de Disfunção Sexual Feminina.
Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos ou sociais, sendo um dos mais freqüentes determinantes a monotonia conjugal. Também a educação que se recebeu, a falta de diálogo entre os parceiros, as práticas sexuais pouco gratificantes e até a resistência em inovar acabam minando o relacionamento e facilitam o desinteresse. O próprio fato de envelhecer e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual.
Leia tudo em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=91&sec=23
Um site com informações sérias e confiáveis.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Só mentirosos (e gays) não tem problemas com as mulheres
Uma leitora, irritada, pergunta: "Você não acredita que existam mulheres sozinhas e bem resolvidas? Você deve é ter problemas com as mulheres". Dou duas respostas.
Primeira: não acredito em pessoas bem resolvidas, acho que todo mundo que se diz bem resolvido é um mentiroso contumaz, mulher ou homem. No fundo, o que existe hoje é um marketing de comportamento que se apoia no consumo crescente de antidepressivos e hábitos macabros como conversar com gatos, cachorros, plantas ou extraterrestres. Só eremitas conseguem viver bem sozinhos. Amar a solidão sempre implica alguma forma de trauma ou desencanto com a vida.
Segunda: sim, tenho problema com as mulheres, quem não tem? Só os mentirosos e os gays. Os gays não têm problemas com as mulheres porque são indiferentes a elas. Ser bem resolvido com as mulheres é ser gay. Para o gay, a mulher é obsoleta. Exigir dos homens "afetos corretos" para com as mulheres é querer que todos sejam gays. O mesmo vale para as mulheres: toda mulher tem problema com os homens. Quando se trata da relação entre homens e mulheres, estamos num pântano de medo, insegurança, baixa autoestima e jogos de manipulação. O inferno do desejo.Conhece?
E por que existe tanta gente que faz uso desse marketing de comportamento dizendo por aí que "hoje temos outra cabeça"? De novo, dou duas respostas.
Primeira: eu me vendo como bem resolvido para fazer os outros se sentirem mal e com isso elevo minha autoestima. Nunca subestime a delícia que é fazer o outro se sentir mal mesmo que você não esteja se sentindo tão bem assim.Segunda: como derivação da primeira, eu me vendo como bem resolvido para elevar meu preço no mercado dos afetos e das relações.
As duas se resumem no velho pecado da vaidade. Esse é apenas um dos sete pecados capitais (caso a cara leitora queira saber mais, leia são Tomás de Aquino). Melhor do que todo o papo de luta de classes, ideologia, política dos corpos, sexismo e blá-blá-blás associados, experimente usar os sete pecados capitais para ver se eles não iluminam a chacina cotidiana em que você vive.
Extraído de uma resposta de Luis Felipe Pondé, a uma leitora, publicado pela Folha de São Paulo.
Primeira: não acredito em pessoas bem resolvidas, acho que todo mundo que se diz bem resolvido é um mentiroso contumaz, mulher ou homem. No fundo, o que existe hoje é um marketing de comportamento que se apoia no consumo crescente de antidepressivos e hábitos macabros como conversar com gatos, cachorros, plantas ou extraterrestres. Só eremitas conseguem viver bem sozinhos. Amar a solidão sempre implica alguma forma de trauma ou desencanto com a vida.
Segunda: sim, tenho problema com as mulheres, quem não tem? Só os mentirosos e os gays. Os gays não têm problemas com as mulheres porque são indiferentes a elas. Ser bem resolvido com as mulheres é ser gay. Para o gay, a mulher é obsoleta. Exigir dos homens "afetos corretos" para com as mulheres é querer que todos sejam gays. O mesmo vale para as mulheres: toda mulher tem problema com os homens. Quando se trata da relação entre homens e mulheres, estamos num pântano de medo, insegurança, baixa autoestima e jogos de manipulação. O inferno do desejo.Conhece?
E por que existe tanta gente que faz uso desse marketing de comportamento dizendo por aí que "hoje temos outra cabeça"? De novo, dou duas respostas.
Primeira: eu me vendo como bem resolvido para fazer os outros se sentirem mal e com isso elevo minha autoestima. Nunca subestime a delícia que é fazer o outro se sentir mal mesmo que você não esteja se sentindo tão bem assim.Segunda: como derivação da primeira, eu me vendo como bem resolvido para elevar meu preço no mercado dos afetos e das relações.
As duas se resumem no velho pecado da vaidade. Esse é apenas um dos sete pecados capitais (caso a cara leitora queira saber mais, leia são Tomás de Aquino). Melhor do que todo o papo de luta de classes, ideologia, política dos corpos, sexismo e blá-blá-blás associados, experimente usar os sete pecados capitais para ver se eles não iluminam a chacina cotidiana em que você vive.
Extraído de uma resposta de Luis Felipe Pondé, a uma leitora, publicado pela Folha de São Paulo.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Obesidade e compulsão alimentar
O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica é uma atitude alimentar caracterizada pela ocorrência de episódios de comer grandes quantidades de comida em intervalos curtos de tempo, sensação de perda de controle sobre o ato de comer e, em seguida, arrependimento de ter comido. Esses episódios de hiperfagia são referidos na literatura internacional com o nome de Binge Eating. O fenômeno merece toda consideração médica, já que aparece em aproximadamente 2% da população geral e, particularmente, em cerca de 30% dos obesos que procuram tratamento médico.
Os Transtornos Alimentares têm causas múltiplas, envolvendo, como quase sempre na psiquiatria, as predisposições genéticas e constitucionais, as influências socioculturais e as vulnerabilidades psicológicas pessoais.
Há em nossa sociedade, e também na maioria dos ambientes familiares, extrema valorização da estética corporal, do corpo magro, atribuindo grande culpa para a pessoa que não se encaixa no modelo estético desejável culturalmente.
A cobrança exagerada para o controle alimentar por parte dos familiares, a vigilância insistente sobre a dieta, críticas pretensamente construtivas, comparações maldosas com pessoas “esbeltas e elegantes” muitas vezes acabam causando efeito contrário do que esperavam esses familiares, ou seja, a pessoa vigiada acaba desenvolvendo algum transtorno alimentar e, entre eles, com muita freqüência a Compulsão Alimentar Periódica.
O tratamento para a Compulsão Alimentar Periódica é múltiplo, devendo envolver o uso de medicamentos, intervenções psicológicas e nutricionais.
O tratamento farmacológico para esse transtorno deve começar com um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina, como por exemplo, a fluoxetina, fluvoxamina, sertralina e o citalopram, que têm sido capazes de reduzir significativamente o comportamento de compulsão alimentar e o peso.
Uma curiosidade no tratamento da Compulsão Alimentar Periódica observada nos primeiros estudos, foi a forte resposta ao placebo nestes pacientes. Mas esta alta resposta, entretanto, não é um fenômeno exclusivo da Compulsão Alimentar Periódica. Ela é característica de grande parte dos transtornos psiquiátricos.
Os Transtornos Alimentares têm causas múltiplas, envolvendo, como quase sempre na psiquiatria, as predisposições genéticas e constitucionais, as influências socioculturais e as vulnerabilidades psicológicas pessoais.
Há em nossa sociedade, e também na maioria dos ambientes familiares, extrema valorização da estética corporal, do corpo magro, atribuindo grande culpa para a pessoa que não se encaixa no modelo estético desejável culturalmente.
A cobrança exagerada para o controle alimentar por parte dos familiares, a vigilância insistente sobre a dieta, críticas pretensamente construtivas, comparações maldosas com pessoas “esbeltas e elegantes” muitas vezes acabam causando efeito contrário do que esperavam esses familiares, ou seja, a pessoa vigiada acaba desenvolvendo algum transtorno alimentar e, entre eles, com muita freqüência a Compulsão Alimentar Periódica.
O tratamento para a Compulsão Alimentar Periódica é múltiplo, devendo envolver o uso de medicamentos, intervenções psicológicas e nutricionais.
O tratamento farmacológico para esse transtorno deve começar com um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina, como por exemplo, a fluoxetina, fluvoxamina, sertralina e o citalopram, que têm sido capazes de reduzir significativamente o comportamento de compulsão alimentar e o peso.
Uma curiosidade no tratamento da Compulsão Alimentar Periódica observada nos primeiros estudos, foi a forte resposta ao placebo nestes pacientes. Mas esta alta resposta, entretanto, não é um fenômeno exclusivo da Compulsão Alimentar Periódica. Ela é característica de grande parte dos transtornos psiquiátricos.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Antidepressivos: efeitos colaterais
O álcool que traz infelicidade para o alcoólatra é o mesmo que traz descontração para outros, a diferença não está na bebida em si, mas na relação que o bebedor estabelece com ela. Comida, bebida, trabalho, amizades, sexo. As mesmas coisas que fazem a felicidade de uns, causam a ruína de outros. Tudo, absolutamente tudo na vida tem variações e conseqüências, ou “efeitos colaterais”. Isso não é exclusividade de medicamentos. O mesmo remédio que beneficia um, prejudica outro. Cabe avaliar cada caso individualmente, pesando na balança prós e contras. Aí está o risco da automedicação, tão comum em nosso meio. É onde deve entrar o conhecimento e experiência do especialista. Antidepressivos possuem efeitos colaterais importantes, mas que podem ser benéficos de acordo com a situação. O ganho de peso pode ser bom na anorexia. A sonolência ajuda quem sofre de insônia. Retardar a ejaculação pode ser útil ao ansioso, os exemplos são inúmeros. Em mãos competentes, os antidepressivos podem ser de extrema validade.Assim, foi com estranheza que li recente manchete da Folha de São Paulo:
“Médicos desprezam os efeitos colaterais de antidepressivos”
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2604201001.htm
Leitura de interesse para muitos pacientes
“Médicos desprezam os efeitos colaterais de antidepressivos”
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2604201001.htm
Leitura de interesse para muitos pacientes
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Estresse, ansiedade e depressão: uma epidemia.
Existem explicações baseadas na evolução do homem que explicam a ocorrência desses fenômenos em proporções epidêmicas na atualidade. Podem surgir novidades no tratamento.
Veja o artigo de Marcelo Leite, publicado ontem na Folha de São Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2504201004.htm
Veja o artigo de Marcelo Leite, publicado ontem na Folha de São Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2504201004.htm
sábado, 24 de abril de 2010
A queda do homem
No princípio estava o homem feliz no centro da criação. Em harmonia com a natureza, colhendo frutos e mel. Sabia o homem o que era certo e se desviava do mal. Temia a Deus. E isso era bom. Mas derrotas humilhantes se anunciavam, prestes a ser impostas ao Ego humano.
De andar pelo mundo, chegou Galilleu, assecla de Copérnico. E tirou a terra do centro do universo, pondo ali o sol. Ensinou que nossas impressões do mundo sensível são subjetivas e enganosas. Acabou de vez com a ilusão da certeza. Descobriu o homem que não estava no centro, nem do sistema solar, menos ainda da Via Láctea. E isso foi mal. Homens piedosos lançaram às chamas homens hereges a fim de conter os protestos dos tementes a Deus.
Darwin, fracassando em ser clérigo ou médico, vingou-se da humanidade, demonstrando que o homem não é um ente superior, mas apenas um animal entre outros. Não fruto de uma criação especial, mas sim do acaso. Modernos cientistas hoje, baseados em estudos de DNA, proclamam que os chimpanzés são mais próximos a nós do que das bestas. A psicologia comportamental substituiu a noção de mente por um conjunto de reflexos condicionados, em nada diferentes dos que determinam a conduta de um cão ou uma lombriga.
Implacávelmente, o rebaixamento do homem continuou. Freud provou que não somos senhores sequer de nossos desejos, pensamentos e atitudes. Que nossa consciência individual não é soberana, mas apenas o resultado da luta de forças inconscientes.
O progresso do conhecimento se deu pela troca de ilusões grandiosas por verdades cada vez mais deprimentes. Uma a uma foram caindo as ilusões narcísicas da humanidade, "uma espécie animal que ousara se proclamar imagem e semelhança de Deus", nas palavras de Freud. Sob este aspecto, a história da ciência é uma história de humildade intelectual progressiva. Invertendo a incoercível tendência do ser humano para fazer de si próprio o umbigo do universo.
"Outra vez me voltei, e vi vaidade debaixo do sol."
Eclesisates 4:7
De andar pelo mundo, chegou Galilleu, assecla de Copérnico. E tirou a terra do centro do universo, pondo ali o sol. Ensinou que nossas impressões do mundo sensível são subjetivas e enganosas. Acabou de vez com a ilusão da certeza. Descobriu o homem que não estava no centro, nem do sistema solar, menos ainda da Via Láctea. E isso foi mal. Homens piedosos lançaram às chamas homens hereges a fim de conter os protestos dos tementes a Deus.
Darwin, fracassando em ser clérigo ou médico, vingou-se da humanidade, demonstrando que o homem não é um ente superior, mas apenas um animal entre outros. Não fruto de uma criação especial, mas sim do acaso. Modernos cientistas hoje, baseados em estudos de DNA, proclamam que os chimpanzés são mais próximos a nós do que das bestas. A psicologia comportamental substituiu a noção de mente por um conjunto de reflexos condicionados, em nada diferentes dos que determinam a conduta de um cão ou uma lombriga.
Implacávelmente, o rebaixamento do homem continuou. Freud provou que não somos senhores sequer de nossos desejos, pensamentos e atitudes. Que nossa consciência individual não é soberana, mas apenas o resultado da luta de forças inconscientes.
O progresso do conhecimento se deu pela troca de ilusões grandiosas por verdades cada vez mais deprimentes. Uma a uma foram caindo as ilusões narcísicas da humanidade, "uma espécie animal que ousara se proclamar imagem e semelhança de Deus", nas palavras de Freud. Sob este aspecto, a história da ciência é uma história de humildade intelectual progressiva. Invertendo a incoercível tendência do ser humano para fazer de si próprio o umbigo do universo.
"Outra vez me voltei, e vi vaidade debaixo do sol."
Eclesisates 4:7
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Sibutramina: emagrecer pode ser perigoso
A sibutramina, um dos remédios para emagrecer mais vendidos no mundo, está proibida na Europa. Segundo a Agência Europeia de Medicamentos, o uso do remédio aumenta consideravelmente o risco do paciente sofrer derrame e enfarte. Nos Estados Unidos, a Agência e Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) também alertou para os riscos de enfarte e derrame. Lá a droga não foi vetada, mas o órgão pediu ao laboratório Abbot, fabricante do medicamento emagrecedor, que intensifique o alerta sobre os riscos do uso da sibutramina.
A sibutramina é um risco para pessoas com antecedentes de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia, além de a quem tem pressão alta, problemas hepáticos e cardíacos. O uso de medicamentos para emagrecer pode tanto desencadear um transtorno psíquico em alguém com predisposição para tal quanto piorar um quadro já existente. É verdade que no caso da sibutramina o risco é menor que no das anfetaminas, mas não significa que ele não exista.
Ainda em 2002, o Setor de farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo (CVS-SP) informou em um alerta terapêutico ter recebido 29 notificações de eventos adversos relacionados a sibutramina. Em 11 deles, os pacientes manifestaram alterações psiquiátricas. A conclusão do CVS foi de reação adversa provavelmente relacionada ao medicamento. O órgão também alertou para o fato de haver poucos trabalhos sobre os efeitos da sibutramina como desencadeadora de transtornos psiquiátricos em indivíduos sadios ou como fator de agravamento desses transtornos em pacientes já diagnosticados como portadores de distúrbios psiquiátricos.
Entre as reações identificadas no alerta do CVS estão: sensação de morte iminente, depressão, ansiedade, agressividade, exaltação do humor, pensamento acelerado, comportamento de risco, agitação, confusão, inquietação, hipomania, alucinações. Distúrbio de conduta: irresponsabilidade, agressividade, irritabilidade, redução do senso crítico. Ansiedade excessiva,sensação de aperto no peito, dificuldade de raciocínio e ansiedade com irritabilidade.
A sibutramina é um risco para pessoas com antecedentes de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia, além de a quem tem pressão alta, problemas hepáticos e cardíacos. O uso de medicamentos para emagrecer pode tanto desencadear um transtorno psíquico em alguém com predisposição para tal quanto piorar um quadro já existente. É verdade que no caso da sibutramina o risco é menor que no das anfetaminas, mas não significa que ele não exista.
Ainda em 2002, o Setor de farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo (CVS-SP) informou em um alerta terapêutico ter recebido 29 notificações de eventos adversos relacionados a sibutramina. Em 11 deles, os pacientes manifestaram alterações psiquiátricas. A conclusão do CVS foi de reação adversa provavelmente relacionada ao medicamento. O órgão também alertou para o fato de haver poucos trabalhos sobre os efeitos da sibutramina como desencadeadora de transtornos psiquiátricos em indivíduos sadios ou como fator de agravamento desses transtornos em pacientes já diagnosticados como portadores de distúrbios psiquiátricos.
Entre as reações identificadas no alerta do CVS estão: sensação de morte iminente, depressão, ansiedade, agressividade, exaltação do humor, pensamento acelerado, comportamento de risco, agitação, confusão, inquietação, hipomania, alucinações. Distúrbio de conduta: irresponsabilidade, agressividade, irritabilidade, redução do senso crítico. Ansiedade excessiva,sensação de aperto no peito, dificuldade de raciocínio e ansiedade com irritabilidade.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Carta contra o preconceito religioso
"Como médico, já me vi obrigado a dialogar e a pedir autorização com antecedência a "bandidos" e traficantes para fazer atendimento domiciliar a pacientes acamados em favelas.
Ao contrário do que a chamada da Folha induz a pensar ao mencionar a Igreja Universal ("Em vídeo, Igreja Universal sugere a pastor negociar com "bandidos", 14/4), não há nisso nada de vergonhoso. Vergonhoso é saber que há décadas existe ali um ponto de venda de drogas, conhecido por todos, onde a autoridade pública competente inexiste. Qualquer indivíduo, entidade assistencial ou igreja que pretenda fazer algum trabalho social nestes locais, infelizmente, deve passar por isso."
MAURICIO FERNANDES LUCIO, médico psiquiatra (São Paulo, SP)
Carta publicada pelo jornal Folha de São Paulo no dia 16/04/10
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1604201010.htm
Ao contrário do que a chamada da Folha induz a pensar ao mencionar a Igreja Universal ("Em vídeo, Igreja Universal sugere a pastor negociar com "bandidos", 14/4), não há nisso nada de vergonhoso. Vergonhoso é saber que há décadas existe ali um ponto de venda de drogas, conhecido por todos, onde a autoridade pública competente inexiste. Qualquer indivíduo, entidade assistencial ou igreja que pretenda fazer algum trabalho social nestes locais, infelizmente, deve passar por isso."
MAURICIO FERNANDES LUCIO, médico psiquiatra (São Paulo, SP)
Carta publicada pelo jornal Folha de São Paulo no dia 16/04/10
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1604201010.htm
terça-feira, 13 de abril de 2010
Depressão é a quinta doença mais comum no Brasil
O Suplemento de Saúde da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2008, revela que a depressão é a quinta doença de maior ocorrência no Brasil, atingindo 4,1% das 59,9 milhões de pessoas que se declaram portadora de alguma doença crônica.
As doenças crônicas (identificadas por algum médico ou profissional de saúde) mais informadas foram: hipertensão (14,0%) e doença de coluna ou costas (13,5%), com artrite ou reumatismo (5,7%), bronquite ou asma (5,0%), depressão (4,1%), doença de coração (4,0%) e diabetes (3,6%).
A Organização Mundial de Saúde estima que em pouco mais de 10 anos a depressão será a segunda doença mais comum no mundo, devendo atingir o primeiro lugar no ranking em 2030. Ela também será a maior responsável por mortes prematuras e anos produtivos perdidos dado seu potencial incapacitante.
Fonte: Estadão.com
As doenças crônicas (identificadas por algum médico ou profissional de saúde) mais informadas foram: hipertensão (14,0%) e doença de coluna ou costas (13,5%), com artrite ou reumatismo (5,7%), bronquite ou asma (5,0%), depressão (4,1%), doença de coração (4,0%) e diabetes (3,6%).
A Organização Mundial de Saúde estima que em pouco mais de 10 anos a depressão será a segunda doença mais comum no mundo, devendo atingir o primeiro lugar no ranking em 2030. Ela também será a maior responsável por mortes prematuras e anos produtivos perdidos dado seu potencial incapacitante.
Fonte: Estadão.com
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Medicamentos "Naturais"
Os medicamentos “naturais”, ou fitoterápicos, compostos por, ou extraídos de plantas, apresentam composição imprecisa e cujos princípios ativos ainda não foram isolados e devidamente estudados. Em nosso meio recorrem a um apelo mercadológico tupiniquim que busca uma pretensa, porém enganosa aproximação com a natureza, em oposição à alopatia e à química desenvolvidas, representantes do mundo industrializado. Seu emprego pode ser interpretado como uma prática remanescente da época pré-científica da medicina e da farmacologia. A continuidade e persistência dessa prática decorrem da formação insuficiente e inadequada de alguns profissionais da área de saúde, assim como de desinformação e aculturamento deficiente de uma grande parcela da população consumidora desses produtos. Some-se ao desconhecimento e desinformação, fatores ligados à má fé, a propaganda enganosa, e o aproveitamento de uma população pobre e inculta. Dizer que os fitoterápicos, “se não curam, pelo menos não fazem mal”, é falso e perigoso. Crendices como medicinas “alternativas” ou “complementares” colocam vidas em risco. Quando um tratamento “alternativo” é estudado a ponto de comprovar sua eficácia, ele deixa de ser “alternativo” e passa a ser reconhecido pela medicina. A imensa maioria dos medicamentos atualmente em uso, foi desenvolvida a partir de plantas. A penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1939, foi fruto da observação do comportamento de bactérias e fungos. Seu estudo permitiu a identificação e isolamento do princípio ativo produzido pelo fungo Penicillium notatum, o que garantiu sua produção em larga escala, por processos industriais, que garantem a qualidade e confiabilidade no produto final.
Exemplos de fitoterápicos de uso em larga escala: extrato seco de alcachofra, Gingko biloba, ginseng (Panax ginseng), erva de são João (Hypericum perfuratum), Passiflora incarnata, Capivarol (com gordura de capivara), biotônico Fontoura, e outros compostos macabros.
Fonte: Revista Debates (Psiquiatria hoje) da Associação Brasileira de Psiquiatria, nº6, Nov/Dez 2009
Exemplos de fitoterápicos de uso em larga escala: extrato seco de alcachofra, Gingko biloba, ginseng (Panax ginseng), erva de são João (Hypericum perfuratum), Passiflora incarnata, Capivarol (com gordura de capivara), biotônico Fontoura, e outros compostos macabros.
Fonte: Revista Debates (Psiquiatria hoje) da Associação Brasileira de Psiquiatria, nº6, Nov/Dez 2009
segunda-feira, 5 de abril de 2010
O ateu no armário (provocação filosófica)
Recentemente, um paciente ilustre, por acaso ateu, chamou minha atenção para o fato de lhe ser muito difícil assumir esta condição em público. Fez uma interessante analogia com os homossexuais. Antes considerados criminosos, pecadores ou doentes; hoje são aceitos e respeitados, se não celebrados, tal o sucesso de eventos como a parada gay. Não se pode hoje, sequer expressar uma opinião a eles contrária, sob o risco de ser acusado de discriminação ou homofobia, estes sim crimes previstos, atualmente, em lei. Quando não assume sua condição em público, diz-se que o homossexual ainda está “no armário”.
Pois bem, pesquisas de opinião nos EUA revelam que o acesso à presidência pelo voto popular seria possível para muitas minorias. Poderia ter sido uma mulher, como Hillary Clinton. Ou um negro, como Barack Obama recentemente. Um homossexual, segundo essas pesquisas, seria aceito. Acredito que até um usuário de drogas, lembro que Bill Clinton, com seu tradicional jogo de cintura, afirmou ter fumado, “mas não tragado”, a maconha. Mas alguém que se declarasse ateu, nas urnas sofreria um massacre.
Ele argumenta que muitas pessoas, ao se dizerem católicas, logo em seguida acrescentam um “não praticante”, seja lá o que isso queira dizer. Este ateu que conheço se diz um “Ateu Praticante”, e lamenta dizer que não pode declarar esse fato publicamente, sob risco de ser excluído como uma aberração, um doente ou criminoso . Perderia seu emprego, sua respeitabilidade. Para manter sua posição social, freqüenta a igreja, local no qual descobriu muitas pessoas em situação semelhante. Sente-se obrigado a mentir, assumir uma identidade falsa, fingindo que acredita em coisas que não fazem sentido, para ele.
O maior problema que os homossexuais sempre encontraram, não foi com relação ao que acreditavam, gostavam ou queriam. O maior problema sempre se deu no choque com a opinião dos outros, com as convenções sociais. O mesmo acontece com os ateus, diz este paciente. Para ele, é melhor não “sair do armário”.
Provocação filosófica:
“Os homens não ousam confessar, nem mesmo a seus corações, dúvidas que tem a respeito desse assunto. Eles valorizam a fé implícita; e disfarçam para si mesmos sua real descrença, por meio das afirmações mais convictas e do fanatismo mais positivo.”
David Hume, sobre a religião, no "Tratado da Natureza Humana - Uma Tentativa de Introduzir o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais". Hume foi um filósofo escocês, cético, fundador do empirismo, pioneiro na aplicação do método experimental sobre os fenômenos mentais.
Pois bem, pesquisas de opinião nos EUA revelam que o acesso à presidência pelo voto popular seria possível para muitas minorias. Poderia ter sido uma mulher, como Hillary Clinton. Ou um negro, como Barack Obama recentemente. Um homossexual, segundo essas pesquisas, seria aceito. Acredito que até um usuário de drogas, lembro que Bill Clinton, com seu tradicional jogo de cintura, afirmou ter fumado, “mas não tragado”, a maconha. Mas alguém que se declarasse ateu, nas urnas sofreria um massacre.
Ele argumenta que muitas pessoas, ao se dizerem católicas, logo em seguida acrescentam um “não praticante”, seja lá o que isso queira dizer. Este ateu que conheço se diz um “Ateu Praticante”, e lamenta dizer que não pode declarar esse fato publicamente, sob risco de ser excluído como uma aberração, um doente ou criminoso . Perderia seu emprego, sua respeitabilidade. Para manter sua posição social, freqüenta a igreja, local no qual descobriu muitas pessoas em situação semelhante. Sente-se obrigado a mentir, assumir uma identidade falsa, fingindo que acredita em coisas que não fazem sentido, para ele.
O maior problema que os homossexuais sempre encontraram, não foi com relação ao que acreditavam, gostavam ou queriam. O maior problema sempre se deu no choque com a opinião dos outros, com as convenções sociais. O mesmo acontece com os ateus, diz este paciente. Para ele, é melhor não “sair do armário”.
Provocação filosófica:
“Os homens não ousam confessar, nem mesmo a seus corações, dúvidas que tem a respeito desse assunto. Eles valorizam a fé implícita; e disfarçam para si mesmos sua real descrença, por meio das afirmações mais convictas e do fanatismo mais positivo.”
David Hume, sobre a religião, no "Tratado da Natureza Humana - Uma Tentativa de Introduzir o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais". Hume foi um filósofo escocês, cético, fundador do empirismo, pioneiro na aplicação do método experimental sobre os fenômenos mentais.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
O risco da especialidade
"Foi preciso esperar até o começo do século XX para se presenciar um espectáculo incrível: o da peculiarísssima brutalidade e agressiva estupidez com que se comporta um homem quando sabe muito de uma coisa e ignora todas as demais."
Ortega y Gasset, filóso espanhol em 'O Livro das Missões'
Ortega y Gasset, filóso espanhol em 'O Livro das Missões'
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