quinta-feira, 28 de abril de 2011

As sacolas plásticas e o Mico-leão-dourado

Para que serve um Mico-leão-dourado?

Além de servir para fazer pouquíssimas gramas de cocô na quase extinta Mata Atlântica, numa tentativa inútil de fertilizá-la, me parece que sua utilidade é apenas de arranjar emprego para um tipo conhecido: o ecochato. O ecochato é aquele cara que não tem preocupações práticas comuns aos seres humanos médios. Normalmente um filhinho-de-papai, rico, com inteligência baixa, ego enorme, atribuindo a si mesmo uma importância muito maior do que na realidade tem, sentindo-se predestinado a salvar o mundo do capitalismo cruel, embora sempre usufruindo dos confortos deste. Vejo-o chegando no mercado em sua caminhonete 4x4, movida a diesel, consumindo todo tipo de supérfluo, a caminho do feriadão no condomínio fechado de luxo na praia. Gastando sua inútil energia na defesa de um sagüi estúpido, que não serve para nada. Esse mesmo cara quer acabar com as sacolas plásticas que me permitem o conforto de embalar minhas compras, e reutilizá-las depois para embalar o meu lixo, tão bem embalado, que nem seu fedor escapa do saco fechado, mantendo minha casa limpa e confortável.

As sacolas plásticas que eu adoro, e me são fornecidas como uma simpática cortesia pelos supermercados, são feitas de um material maravilhoso: o polietileno, derivado do petróleo que o planeta levou milhões de anos para fazer, e que não serve para comer. Custam 3 centavos a unidade. Repito: 3 centavos! Sua produção gera 30 mil empregos diretos no Brasil, em cerca de 200 empresas, que produzem 14 bilhões de sacolas/ano. O ecochato quer trocar essa sacola por outra “biodegradável”, ou seja, feita de amido de milho (belo uso para comida), que custa 10 vezes mais caro, pela qual eu teria que pagar, e que, ao invés de algumas décadas, levaria apenas 2 anos para se decompor. Em um planeta de 4,5 bilhões de anos de existência, no qual a vida prolifera a 4 bilhões de anos, habitado por saguis há 30 milhões de anos, isso não representa absolutamente nada.

Como disse o ambientalista britânico James Lovelock, a preocupação com o plástico das sacolas equivale a entrar no Titanic durante o naufrágio, e se preocupar com a reorganização das cadeiras no convés.

Para que serve uma sacola de plástico? Para embalar o mico-leão, seu cocô, e jogá-los fora.

10 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Esclarecedor seu texto.
    Temos que parar de acreditar em tudo que a mídia divulga.
    Ter consciência sobre a Ecologia envolve coisas muito mais preocupante do que uma sacolinha de mercado.
    Abraço Cynthia

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  3. Maria Betania28 abril, 2011

    Quando ouvi falar da retirada das sacolas plásticas do mercado fiquei p...da vida porque para mim tem todas essas utilidades que o dr citou.Viva as sacolas plásticas!!!!!!

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  4. E viva a sua coragem Dr. Mauricio de sempre dizer aquilo que pensa e que muitos gostariam de dizer tbm, viva sua coragem e sua inteligência, sempre elegantemente e sabiamente nos fazendo refletir sobre textos como este.
    Parabéns!
    Abraço

    Pessoa

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  5. Adorei.. como sempre... querem tirar o dinheiro do nosso bolso...e qual é problema dessas sacolas? o que eu vou colocar no lixo do banheiro da minha casa!! jornal? o mundo vai acabar mesmo em 2012, pra que se importar com uma simples sacola? prefiro me importar com o gasto do novo estadio do corinthians.. isso sim é ridículo e e um fato importante para se preocupar.

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  6. Pela primeira vez discordarei do doutor. Coitadinho do macaquinho, ele tem função no ambiente sim, enfrenta fatores limitantes e está inserido em uma rede alimentar. Talvez o senhor usou esse animal para dar bom tom ao texto, mas se não, lembro que os seres mais prejudicados com o plástico são animais marinhos e dulcícolas. Um exemplo disso são as tartarugas do mar que confundem pedaços de plástico com algas marinhas comestíveis, levando-as muitas vezes à morte, entre muitos outros exemplos. Mas falando das sacolinhas propriamente ditas, sim, concordo que não resolverá muitos problemas ambientais, apenas do bolso dos grandes empresários de redes de mercados.

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    1. Você tem razão, Luciana.Fui muito amargo. E as pobres tartarugas são criaturinhas adoráveis. Os micos são meio estranhos, tem algo desconfortávelmente humano neles. Ou seria o contrário? Será que eu reconheço em mim algo desconfortávelemente simiesco?

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  7. Pode ser, sabendo que eles tem maior parentesco conosco de que os quelônios, por sermos primatas, além de nosso parentesco com eles chegar até a mesma infraordem na classificação taxonômica.
    E eu acho uma graça essa característica meio humanas neles, principalmente a carinha deles rsrs...
    Doutor, será que serei apedrejada virtualmente pelos outros leitores, por falar desse nosso parentesco? Me defenda!

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  8. Neste blog, você corre vários riscos. Muitas pessoas aqui ainda não acreditam que a Terra é redonda ou que o homem chegou na Lua, algumas pensam que o T-rex é invenção do Spielberg, e tão real como o Fred Kruegger.

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