Quando me afundo na agonia, tenho dois profetas: Nelson Rodrigues e Fiodor Dostoiévski.À noite, ouço a voz do demônio do ceticismo me chamando para o seu país da solidão e sua aridez de três desertos.
Um dos efeitos clínicos do ceticismo é a indiferença para com o que os outros pensam.Tornei-me esse ser obscuro e muitas vezes cínico cedo demais. Hoje estou em companhia de Nelson Rodrigues e sua sublime obsessão pela alma atormentada. Há dias o leio e releio, assim como quem toma um remédio acima da dose, Certa feita, falando sobre sua peça "Bonitinha, Mas Ordinária", Nelson disse (respire fundo): "A nossa opção, repito, é entre a angústia e a gangrena. Ou o sujeito se angustia ou apodrece. E, se me perguntarem o que eu quero dizer com minha peça, eu responderia: que só os neuróticos verão a Deus".
Bem-aventurados os de sorriso raro e de beleza tímida. Bem-aventurados os que se desesperam, mas não desistem, porque deles é o reino dos céus.
Luiz Felipe Pondé
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EXELENTE E VERDADEIRA ANÁLISE.
ResponderExcluirA PARTE FINAL DO TEXTO E LINDO E COMO SOU NEURÓTICA E NUNCA DESISTO.UM DIA VEREI A DEUS ESPERO QUE DEMORE MUIIIIIIITO.
ResponderExcluirBEIJOS A TODOS NEURÓTICOS!!!
Fiodor Dostoiévski, epilético, escritor genial, viciado em jogo, ótimo pai e marido, crente em Deus. Conhecedor dos conflitos do ser humano, suas dúvidas, solidão e misérias. Criador de Ivan Karamasóv que afirma que se Deus não existe tudo é permitido. Um dos seres humanos que se não tivesse nascido faria falta ao mundo.
ResponderExcluir....Zito