Sob interessantes aspectos, o estoicismo aproxima-se de sabedorias orientais, em particular do budismo tibetano. A esperança, ao contrário do lugar comum, segundo o qual “não se poderia viver sem esperança”, seria o maior dos males. Porque ela representa a falta em si, a tensão insaciada, a dimensão do projeto, faz o indivíduo correr atrás de metas, suprema ilusão de felicidade futura, adiada, a ser construída, ainda inexistente. Estranha fuga para adiante, assim que o objetivo é alcançado, surge outro em seu lugar. Assim como tentar alcançar o horizonte: não importa quantos passos você dê, se muitos ou poucos, o horizonte continuará lá, à sua espera. Como crianças que se desinteressam pelo brinquedo no dia seguinte ao Natal, a posse dos bens tão ardentemente desejados não nos torna mais felizes do que antes. Como diz Epicteto: a vida boa é a vida sem esperanças e sem temores, a vida reconciliada com o que é, a existência que aceita o mundo tal como é. Numa atitude de não-apego aos bens deste mundo, que são passageiros.
Por exemplo, quando você vai tomar um banho de mar, quando põe a máscara para observar os peixes, você não mergulha para mudar as coisas, nem para melhorá-las ou corrigi-las, mas, ao contrário, para admirá-las e amá-las. É mais ou menos segundo esse modelo que o estoicismo nos estimula à reconciliação com o que é, com o presente tal como ele é, para além de nossas esperanças ou nossos remorsos. É para esses momentos de graça que ele nos convida, e para multiplicá-los, torná-los tão numerosos quanto possíveis, ele nos sugere, de preferência, a mudança de nossas expectativas, e não da ordem do mundo. Daí ele nos fazer outra recomendação essencial: já que a única dimensão da vida real é o presente e já que, por definição esse presente vive em perpétua flutuação, é sábio não se apegar ao que passa.
"A coisa mais divina que há no mundo
é viver cada segundo
como nunca mais..."
Vinícius de Moraes
Para mim, viver no momento presente é deixar partir todos os pensamentos e sensações que me impedem de viver em plena e completa paz aqui e agora. .... E quando estamos em paz tudo vem até nós para expandirmos a paz e o amor que somos , ...
ResponderExcluirEntão não pergunte o que será daqui a pouco, pergunte agora, o que é?! Traçar planos é correto, viver deles é besteira.
Um grande abraço
soraya
Concordo com os estóicos, Epicuro e Sêneca. Com o Vinicius também, mas ele só conseguia este estado num balde de uísque. Eu? Nem com análise, vinho, remedinhos. Basta um elevador prá acabar com a minha alegria. Bom feriado.
ResponderExcluirSe para Epicteto "a vida boa é a vida sem esperanças e sem temores" o não apegar-se leva exatamente a desesperança, medo, solidão, doenças, ou seja, quanto menor apego, maior é a individualidade e as relações humanas tornam-se escassas, efêmeras e tênues.
ResponderExcluirPra mim, a lógica do desapego foi invertida pela "pós modernidade".
Pois eu não consigo não me apegar....não amar....morrerei ou enlouquecerei quando não mais amar! Bjs da Sua Paciente!!!!!heheheheh
ResponderExcluirEsta questão da ESPERANÇA é muito bem sintetizada na máxima que ouvi de uma pessoa "rude", criada em atividade agropecuária, sem "maiores leituras" : A VIDA É UM PAU DE SEBO COM UMA NOTA FALSA NA PONTA.
ResponderExcluir.....Zito
Bravo Milena, concordo com vc, além do mais as pessoas preferem a hipocrisia a realidade, preferem ter medo dos seus próprios medos, preferem fazer de suas vidas uma eterna boemia e deixam a felicidade voarrrrrrrrrrrrrrr.
ResponderExcluirbeijos
sou sua fã
Vida