quinta-feira, 18 de março de 2010

O Santo Daime e a morte de Glauco

Todos sabem como é difícil, burocrático e dispendioso abrir ou fechar uma empresa neste País. Sempre senti desconforto ao pensar como é fácil, em contraste, abrir uma igreja no Brasil, bem como nas vantagens e benfícios fiscais decorrentes. Agora, pensar que o fato de pertencer a determinado credo, autorize por Lei, o uso de substancias alucinógenas, aos outros proibida, é grotesco.
Assistimos recentemente ao assassinato de Glauco por um membro da comunidade “Céu de Maria”, que alucinado, queria que fosse feita, à sua mãe, a confirmação de que ele era Jesus Cristo. Estava na capa dos jornais de ontem, sorrindo, após ser preso tentando fugir do país com um punhado de maconha.
O chá do Santo Daime é feito com uma combinação de plantas amazônicas, que resulta numa bebida com efeitos alucinógenos, chamada “Ayahuasca”, termo de origem quíchua que quer dizer, “cipó dos espíritos”. É conhecido há longa data por povos indígenas, que dele fazem uso em rituais xamânicos. Nos anos 30, Raimundo Irineu Serra, seringueiro conhecido como “mestre” Irineu, apaixonado pelos efeitos psicotrópicos da droga, na região fronteiriça entre Bolívia, Acre e Rondônia, criou uma religião cujos cultos se fazem sob efeito dela, frequentemente associado ao uso de maconha, o que não costuma ser publicamente admitido pelos adeptos, pois esta ainda não foi liberada. Nessa região inóspita, distante e isolada, o uso da droga cresceu e se popularizou. Várias dissidências e ramificações surgiram, e os cultos proliferaram. A maior explosão de consumo aconteceu de fato nos anos 60, quando José Gabriel da Costa criou o culto da “União do Vegetal”, em Porto Velho. Eram os anos da contracultura, dos hippies, de Woodstock, com forte apelo ao uso de drogas em geral. Jovens educados e de famílias com posses, com origem principalmente no Sudeste, se deslocavam até a o distante então “território” de Rondônia onde, em meio à mata, longe da civilização, podiam se entregar ao uso da droga. Uma alternativa, para se evitar o transtorno desta longa viagem e tornar o uso mais freqüente, tem sido criar “filiais” dessa igreja em outros estados.
Me pergunto se, algum dia, alguém terá a idéia de chegar aos mesmos objetivos alegados pelos usuários da ayahuasca, de atingir a autoconsciência e encontro com deus, mediante o uso de cocaína ou crack. Espero que pelo detalhe de se dizer “religioso”, a lei não o autorize.

Sugiro a leitura:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/daime-inconsistencias-e-absurdos/

3 comentários:

  1. Violência no Brasil é tão banal que todos os dias temos noticias como esta. Mas o que choca é que um homem que sempre da forma mais inteligente possivel mostra os absurdos do governo com suas charges e o cotidiano da sociedade de uma forma irreverente. Não há dúvida que o humor inteligente perdeu um dos seus gênios

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  2. O problema hoje é que não só a "religião" acolhe este tipo de culto, mas a antropologia, a sociologia dão abrigo para que esses tipos de religiosos usem tais substancias em seus rituais, dizem que não podemos interferir na cultura de ninguém. Essa Liberdade cultural é que é o problema Dr. hoje em dia por exemplo não se pode proibir etnias africanas de matarem seus filhos por nascerem com algun defeito genetico. E o que também observei neste epsódio do Glauco é que não dá para tratar um mal com outro mal, o rapaz era dependente e tinha problemas psicologicos e estava sendo tratado com outra droga que era o santo daime. Temos uma série de fatores que interferiram neste epsódio que precisamos observar, não foi somente a questão da religião, hoje por exemplo as igrejas protestantes tem um trabalho potencializado no campo de reculperação de dependentes químicos, o movimento carismatico catolico "canção nova" tem uma fazenda qu trabalha com a reabilitação destes dependentes, acho que se falarmos que o fato deste rapaz ter usado o chá para tratar o mal e cuparmos somene a religião é equivocado, pois uma série de fatores comtribuiram para este acontecimento.

    Fábio Bezerril Rodrigues

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  3. A e esqueci de comentar também. O Texto etá muito Bom Dr. Valeu......

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